Analistas sugerem que o Brasil deve se preparar para um aumento nos preços dos alimentos em 2025. Economistas divergem sobre a extensão dessa alta, influenciada por fatores como clima e câmbio. Carnes e café estão entre os itens que devem encarecer significativamente, o que pode impactar o governo, já de olho nas eleições de 2026.
Para o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio Leal, a alta nos alimentos será de 5%, abaixo da média histórica de 7%. Ele destaca carne bovina e café como os principais responsáveis, com aumentos de 7,5% e 20%, respectivamente. Frango (8%), arroz (9,1%) e leite longa vida (5,5%) também devem subir.
“São alimentos que acabam tendo muita sensibilidade ao consumidor”, disse Leal, ao jornal O Globo. “No caso do frango, não é questão de oferta. Mas como o preço da carne sobe, as pessoas aumentam o consumo da outra proteína.”
Projeções de aumento nos preços
Já o economista da XP Alexandre Maluf projeta um aumento ainda maior, de até 9,2% nos preços de alimentos e bebidas. A carne bovina pode subir até 20% e o frango, 14%.
“Vimos uma escalada de preços no fim de 2024 e devemos ver uma alta similar no segundo semestre deste ano”, afirmou ao jornal. “A inversão do ciclo da pecuária faz parte do negócio do próprio setor, e não existe política governamental que consiga intervir nisso no curto prazo.”
A oferta global limitada de café e carnes pressiona os preços, com o preço do café arábica em R$ 2.387,85 por saca de 60 kg — um aumento de 132% em um ano, conforme dados do Cepea, compilados pela MB Agro.
Impacto das políticas do Brasil nas previsões
A política fiscal do governo é vista como um entrave para a melhora nas previsões de preços. Leal ressaltou a necessidade de estoques reguladores para ajustar as altas, com destaque para a escassez de reserva de café, desde 2018.
Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil associa o aumento dos preços das commodities, como café, açúcar, laranja e carne, a fatores de clima e ao mercado internacional.
A pasta destaca, ainda, um maior financiamento a alimentos como batata, feijão, banana, além da criação de programas para fomentar a produção de arroz e leite.