O preço da carne bovina deverá sofrer um aumento significativo no último trimestre de 2024. A estimativa é de uma alta de pelo menos 7,9%, o maior aumento desde 2020, segundo a LCA Consultores.
Esse reajuste afeta diretamente os consumidores brasileiros e torna ainda mais desafiador o trabalho do Banco Central, que adota uma política de juros elevados para controlar a inflação. Recentemente, a instituição elevou a Taxa Selic para 11,25%, o que marcou a segunda alta consecutiva.
A carne bovina é um item essencial na dieta dos brasileiros e, além de impactar o preço desse produto, afeta também outras proteínas, como carne suína e frango. Além disso, esse aumento se reflete em um contexto político. Esse produto se tornou um tema sensível para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez da redução dos preços, especialmente da picanha, uma promessa central de sua campanha em 2022.
Demanda por carne poderá crescer até o fim deste ano
Para 2025, o aumento pode chegar a quase 14%. A demanda por carne tende a crescer no final do ano, impulsionada pelo pagamento do 13º salário e pelas comemorações de Natal e Ano Novo.
Um dos principais fatores por trás desse aumento é o preço do gado, que subiu 33% nos últimos dois meses, o maior aumento desde 1997. A escassez de pastagem, agravada pela seca severa, tem dificultado o fornecimento de gado para abate.
A oferta de gado deverá cair nos próximos anos, pois muitos pecuaristas reduziram o rebanho de vacas nos últimos dois anos, depois do recuo dos preços em 2022.
Para Luciana Rabelo Ribeiro, economista do Itaú, afirmou ao jornal O Globo que o boi se tornará uma fonte de pressão inflacionária não apenas este ano, mas também em 2025, que deve afetar o preço de outras proteínas, como o leite.
“Para frente – tanto neste ano como no ano que vem – o boi deve ser uma fonte de pressão de inflação”, afirmou a economista.
Exportações de carne bovina aumentaram em 31% no Brasil só em 2024
A demanda externa também tem pressionado o mercado. As exportações de carne bovina do Brasil aumentaram 31% em 2024, atingindo um recorde histórico. A desvalorização do real tornou a carne brasileira mais atraente para compradores internacionais, intensificando a competição com os consumidores domésticos.