sexta-feira, novembro 22, 2024
InícioCiência e tecnologiaCarne de laboratório para pets vai entrar em testes

Carne de laboratório para pets vai entrar em testes

Não sei se você já leu as informações nutricionais da ração do seu pet. Se sim, vai perceber que, além de corantes e aromatizantes, a comida deles também é feita de proteína animal.

OK, não tem nenhum filé mignon na composição – a maioria das marcas usa apenas vísceras, ossos ou carcaça -, mas ainda assim estamos falando de restos animais. E eles entram na conta das emissões agrícolas de CO2.

Um estudo do ano de 2020 aponta que a indústria das rações de bichinhos de estimação responde por cerca de 3% das emissões globais. É pouco? É pouco, mas quando falamos em sustentabilidade, é preciso estar de olho em toda a cadeia produtiva.

Leia mais

Uma das soluções em discussão é adotar para os pets a mesma abordagem em estudo para humanos: carne de laboratório. Algumas empresas já estão desenvolvendo suas receitas e uma delas acaba de obter autorização do governo do Reino Unido para comercializar o seu produto.

Estamos falando da startup Meatly, que tem sede em Londres. Ela conseguiu a aprovação regulatória de dois importantes órgãos: a Agência de Saúde Animal e Vegetal do país e o Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais. O anúncio consta da página oficial da empresa na web.

Empresa divulgou comunicado oficial em seu site – Imagem: Reprodução/Web (Meatly)

O que tem na ração da Meatly?

  • O ingrediente principal são células de frango!
  • A empresa afirma que, primeiro, pega uma pequena amostra de células do ovo da galinha.
  • E esse é o único momento em que utilizam algo de origem animal.
  • Na sequência, eles cultivam essas células em laboratório.
  • A Meatly explica que, em vez dos animais comerem grama e criarem nutrientes para alimentar essas células, eles mesmos fazem isso.
  • São máquinas próprias que controlam, entre outras coisas, a temperatura e a acidez.
  • Eu não sei dizer se a células de frango criada em laboratório tem o mesmo gosto do frango que crescer na granja.
  • Quem poderá dar essa resposta no futuro são os cães e gatos britânicos.
  • A Meatly afirma que planeja lançar amostras comerciais de seu primeiro produto ainda neste ano.
  • Os primeiros lotes, porém, devem ser caros.
  • Isso porque os custos para produzir carne de laboratório são elevados – e os processos costumam ser lentos.
  • E a própria Meatly disse que o foco inicial dela será apresentar o produto ao mercado.
  • Só depois a companhia vai se concentrar na redução de custos e na expansão para volumes de produção industrial – isso nos próximos três anos.
Criação de frango no Brasil
A ração da Meatly é de frango, mas sem usar o frango em si, mas sim suas células – Imagem: Divulgação/Agência Brasil

Esse será o futuro das rações?

Não dá para cravar, ainda mais em uma fase tão inicial como essa. Alguns especialistas acreditam que o modelo atual da agropecuária é insustentável para o meio ambiente. Ou seja, um dia as coisas vão precisar mudar.

Falando só sobre a indústria de alimentos para animais de estimação, sozinha ela tem um impacto climático semelhante ao de um país pequeno, como Moçambique ou Filipinas.

Mas isso não será da noite para o dia. Provavelmente levará anos para que a carne cultivada tenha um impacto significativo na indústria agrícola mais ampla.

E aí poderemos estar falando de produtos da Meatly ou de outras marcas, que também devem conseguir autorização até lá.

Precisamos esperar também para ver se ele vai gostar da nova ração – Imagem: Cassio Nunes/Sshutterstock

O mais importante neste momento é que foi dado o primeiro passo. O Reino Unido é agora o primeiro país europeu a dar sinal verde para a venda de carne de laboratório.

Espero que os nossos pets gostem.

As informações são do The Verge.

Via Olhar Digital

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui