quinta-feira, julho 4, 2024
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calote milionário envolve até desvio de dinheiro

Em assembleia realizada em 27 de maio, a Oliveira Trust foi destituída como representante dos investidores dos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) do Resort Golden Laghetto, em Gramado, no Rio Grande do Sul. A instituição financeira representava os interesses de 400 titulares que não recebem os valores devidos há três meses.

O débito, com multas e moras, chega a R$ 8,8 milhões. Os recebíveis são garantidos pelas vendas de multipropriedades feitas pelo grupo Golden Laghetto, modelo que permite aos compradores utilizar a propriedade por um período específico.

Mesmo inadimplente nos CRIs, a holding atingiu em 2023 um VGV de R$ 609 milhões, descrito como recorde por Ronald Spieker, sócio do grupo. Contudo, a destituição da Oliveira Trust e o calote dos CRIs envolvem acusações de desvio de dinheiro e conflitos de interesse.

Em setembro de 2021, a Forte Securitizadora (Fortesec), responsável pela securitização dos ativos, captou R$ 160 milhões com a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários para a construção do resort Golden Laghetto. Em troca, os sócios do resort cederam os valores das vendas das multipropriedades à securitizadora. A WAM administrava uma conta centralizadora que deveria ser usada para pagar as parcelas dos CRIs e constituir garantias.

No final de 2022, os sócios majoritários da holding criaram a LGM Participações, assumindo a administração da conta centralizadora sem o aval da Fortesec e afastando a WAM. Desde então, as narrativas das partes envolvidas divergem.

A versão da WAM

Fachada do Laghetto Resort Golden, em Gramado (RS) | Foto: Reprodução/Booking
Fachada do Laghetto Resort Golden, em Gramado (RS) | Foto: Reprodução/Booking

Em processo contra o Grupo Laghetto, a WAM afirma que os sócios majoritários “sequestraram” a administração da holding e pararam de pagar prestadores de serviços em 2023, alegando descumprimentos contratuais.

Os sócios majoritários aprovaram um aumento de capital de R$ 14,7 milhões para supostas dívidas, sem apresentar balanço patrimonial. Dos R$ 14,7 milhões, R$ 11,8 milhões foram direcionados à LGM Participações, com transferências para outras empresas, segundo documentos obtidos pelo E-Investidor.

Em 14 de fevereiro, a Fortesec exigiu explicações do Golden Laghetto sobre os recursos que deveriam ser empregados nos pagamentos dos CRIs. Segundo a securitizadora, o desvio caracteriza apropriação indevida de recursos.

A Fortesec já havia alertado os investidores sobre a troca da empresa responsável pelas vendas e gestão do Laghetto, e que os créditos imobiliários não estavam sendo repassados integralmente.

Em notificações à Fortesec, o Golden Laghetto afirma estar rompendo contratos com a WAM desde meados de 2022 por descumprimentos contratuais. O grupo decidiu mudar a administração da conta centralizadora para a LGM Participações, alegando que a Fortesec se recusa a compartilhar os acessos à conta e aos sistemas de emissão de boletos.

Dos R$ 12,6 milhões em parcelas, o Golden Laghetto deixou de pagar pelo menos R$ 8,8 milhões. A securitizadora afirma que os cálculos são validados pelo representante legal dos investidores e que o cancelamento do acesso ao sistema de boletos foi uma “medida necessária” para a proteção dos CRIs.

Problemas com Certificados de Recebíveis Imobiliários causa racha entre investidores

Os desentendimentos entre a Golden Laghetto e a Fortesec se arrastam há meses. Em abril de 2023, a Fortesec convocou uma assembleia para votar a decretação do vencimento antecipado dos CRIs devido à mudança na administração da conta centralizadora para a LGM Participações. A reunião aprovou o vencimento antecipado dos CRIs em 2 de maio de 2023, iniciando um processo arbitral.

Em outubro de 2023, parte dos investidores se reuniu em assembleia para votar a suspensão do vencimento antecipado dos CRIs, destituir a Fortesec e mudar a auditoria dos créditos imobiliários. As matérias foram aprovadas, mas a Fortesec considerou a assembleia irregular.

A Oliveira Trust cobrou explicações sobre a gestão do patrimônio separado dos CRIs. Eles perceberam que 99,5% do fundo Lodge FIRF CP era composto por CRIs da própria Fortesec, muitos inadimplentes. Na assembleia de outubro, a Devant, Orama e TG Core questionaram a liquidez do fundo Lodge e votaram pela destituição da Fortesec.

A Oliveira Trust afirmou que a escolha da Fortesec em manter os recursos no fundo poderia acarretar responsabilidade pela securitizadora. A Fortesec não respondeu adequadamente às perguntas dos investidores, o que levou à votação pela destituição.

Via Revista Oeste

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