O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou à CNN nesta quinta-feira (14) que as decisões tomadas pelo presidente do partido, Luciano Bivar, são monocráticas e desrespeitam a maioria da legenda. Integrantes do União Brasil alegam que Bivar estava “utilizando a estrutura partidária” para “perseguir” o presidente eleito do partido, Antônio de Rueda, e familiares, “praticando condutas criminosas de toda ordem”.
Na quarta-feira (13), a Executiva Nacional da sigla decidiu abrir um processo interno que pode levar à expulsão de Bivar. Uma representação com pedido cautelar de afastamento da função de presidente e exclusão com cancelamento de filiação foi apresentada. Ele terá o prazo de 72 horas para apresentar a defesa a partir da notificação.
“É incompatível a Presidência do partido ser presidida por uma pessoa que tem todos esses comportamentos. Até então o partido nunca teve uma reunião da Executiva para deliberar, todas as decisões eram monocráticas e desrespeitando a maioria da comissão instauradora do partido. O partido não é propriedade de uma pessoa. As decisões da maioria devem ser respeitadas e acatadas”, declarou Caiado.
As tensões entre Bivar e Rueda se agravaram após um incêndio destruir duas casas de veraneio de Rueda e da irmã dele em Pernambuco. O caso é investigado pela Polícia Civil. Rueda disse que contratou uma perícia particular e as informações preliminares são de que o incidente teria sido criminoso.
No próximo sábado (16), Caiado embarca para Israel, onde, segundo ele, deve se encontrar com o presidente, Isaac Herzog, e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. O governador indicou ainda que cumprirá visitas técnicas nas áreas da agricultura e pesquisa científica. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também confirmou que visitará Israel nos próximos dias.
A programação da viagem, conforme apurou a CNN, inclui uma visita ao local onde o Hamas cometeu ataques durante um festival de música eletrônica, em 7 de outubro passado, além de uma conversa com sobreviventes da ação terrorista. Há ainda a possibilidade de uma visita ao centro de inteligência e estratégia das Forças de Segurança israelenses.
Perguntado sobre de quem partiu o convite para a visita ao país do Oriente Médio, Caiado apontou a existência de convites do governo de Israel, da embaixada do país no Brasil e de comunidades judaicas.
“Tenho várias cartas de convites, da embaixada, do governo de Israel e tem também de associações representantes dos judeus no Brasil.”
Questionado sobre se acredita em um “sequestro” da direita clássica pelo bolsonarismo, Caiado negou a hipótese e disse acreditar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) despertou o sentimento conservador em parte da população brasileira.
“Não existe de maneira nenhuma sequestro da direita. Você não pode desconhecer que ele [Bolsonaro] conseguiu aflorar esse sentimento [conservador]. Democracia não é paz de cemitério. Democracia é efervescente, ou seja, o povo opina, o povo vai para as ruas, o povo discute as matérias. Não existe democracia enclausurada. O sentimento conservador foi despertado durante a candidatura e o governo do presidente Bolsonaro”, ressaltou Caiado.
A CNN entrou em contato com Luciano Bivar para comentar as declarações de Ronaldo Caiado e aguarda retorno.
(Com informações de Douglas Porto, Luciana Amaral e Maria Clara Matos)
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