A montadora chinesa BYD solicitou a seus fornecedores que reduzam seus preços. Isso sugere que uma disputa no maior mercado automotivo do mundo está prestes a se intensificar.
Segundo um e-mail vazado pelo portal digital chinês The Paper, nesta quarta-feira, 27, o gigante de veículos elétricos pediu a um fornecedor não identificado que reduzisse os preços em 10% a partir de 1º de janeiro de 2025.
Um executivo da BYD afirmou, em sua conta na rede social chinesa Weibo, que a montadora costuma estabelecer metas de redução de preços para fornecedores quando realiza compras em grande escala. Segundo ele, essas metas são negociáveis e não obrigatórias.
“As negociações anuais de preços com fornecedores são uma prática comum na indústria automobilística”, disse Li Yunfei, gerente geral do departamento de Relações Públicas da empresa. Ele não fez referência explícita ao e-mail vazado.
A BYD tem se destacado na guerra de preços iniciada pela Tesla no ano passado. Essa estratégia agressiva ajudou a chinesa a superar sua concorrente norte-americana como a maior vendedora de veículos elétricos globalmente, embora a maior parte de suas vendas ocorra na China.
Nos primeiros nove meses de 2023, a BYD liderou o mercado automotivo chinês, com uma participação de 15,8%, enquanto suas vendas de veículos elétricos e híbridos representaram mais de um terço do total do país, segundo dados da indústria.
BYD se prepara contra tarifas europeias e norte-americanas
Em maio deste ano, o governo dos EUA informou que vai aumentar drasticamente as tarifas sobre as importações de produtos provenientes da China, como veículos eléctricos, baterias e semicondutores. No total, as novas tarifas serão aplicadas sobre produtos chineses por um valor total de US$ 18 bilhões (cerca de R$ 106 bilhões).
As tarifas sobre veículos elétricos irão quadruplicar e chegar a 100%, enquanto as tarifas de importação de aço e alumínio triplicarão. A tarifa sobre os semicondutores chineses será duplicada a partir de 2025, enquanto a tarifa sobre as placas solares também duplicará e chegará a 50%.
Em outubro, a União Europeia seguiu o mesmo caminho. O bloco decidiu adotar tarifas alfandegárias de até 45% sobre veículos elétricos fabricados na China, sob a alegação de que eles se beneficiavam “fortemente de subsídios injustos” e representavam uma “ameaça de prejuízo econômico” aos produtores de veículos elétricos na Europa.
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A França, a Itália e outros países apoiaram a medida, enquanto a Alemanha e a Hungria se manifestaram contra. As montadoras alemãs são muito presentes na China, e o governo de Berlim tem medo de que Pequim adote retaliações contra suas empresas. Em represália, a China começou investigações sobre exportações de carne suína, produtos lácteos e licores europeus.