quarta-feira, setembro 18, 2024
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Buraco negro “mata de fome” a Galáxia de Pablo

Astrônomos confirmaram, por meio do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, que buracos negros supermassivos podem esgotar o gás das galáxias hospedeiras, interrompendo a formação de novas estrelas. 

A descoberta foi publicada nesta segunda-feira (16) na revista Nature Astronomy por uma equipe internacional liderada pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O estudo observou a galáxia GS-10578, apelidada de “Galáxia de Pablo”, situada no início do Universo, a 11,5 bilhões de anos-luz de distância.

Apesar de seu tamanho e semelhança com a Via Láctea, a galáxia está “morta”, ou seja, deixando de gerar novas estrelas.

Telescópio Espacial James Webb confirma que os buracos negros supermassivos podem privar suas galáxias hospedeiras do combustível necessário para formar novas estrelas. Crédito: Francesco D’Eugenio

Segundo Francesco D’Eugenio, astrônomo do Instituto Kavli de Cosmologia (KIC) e coautor do estudo, já havia evidências de que a galáxia estava extinta, mas faltava confirmar a relação entre o buraco negro central e a cessação da formação estelar.

“Antes do Webb, não podíamos observar essa galáxia em detalhes suficientes para estabelecer essa ligação”, afirmou D’Eugenio. A equipe queria descobrir se esse estado era permanente ou temporário.

A “Galáxia de Pablo” é bem evoluída para o período em que foi observada, com uma massa total cerca de 200 bilhões de vezes a do Sol, e a maioria de suas estrelas formou-se pouco tempo depois do Big Bang.

O que chamou a atenção dos astrônomos foi o fato de que, enquanto a maioria das galáxias nesse estágio do Universo ainda formava estrelas, esta já havia interrompido o processo. A observação revelou que a galáxia está expelindo grandes quantidades de gás a impressionantes 1.000 km/s, velocidade suficiente para escapar da gravidade galáctica. Esses ventos são causados pela atividade do buraco negro supermassivo central.

Mapa de densidade de massa da superfície da população estelar (a) e mapa de idade ponderada em massa (b) a partir do ajuste espectral completo dos dados de espectroscopia de baixa resolução, mostrando que a maior parte da galáxia GS-10578 consiste em estrelas velhas. Crédito: Francesco D’Eugenio

Novo componente é identificado nos ventos galácticos

Com o Webb, os cientistas identificaram um novo componente desses ventos galácticos: gás mais frio e denso, invisível aos telescópios anteriores, que não emite luz, mas bloqueia parte da radiação de estrelas ao fundo. 

Essa descoberta só foi possível devido à sensibilidade superior do telescópio, que permitiu investigar essas nuvens escuras e confirmar que o buraco negro “matou de fome” a galáxia, esgotando o gás necessário para a formação de novas estrelas.

Embora modelos teóricos já previssem que buracos negros poderiam interromper a formação estelar, o Webb foi o primeiro a detectar esse fenômeno diretamente. “Sabíamos que buracos negros influenciam suas galáxias, mas não havíamos confirmado essa ligação de forma tão clara antes”, disse o coautor Roberto Maiolino, também do KIC. 

O estudo também sugere que, ao contrário de previsões anteriores, a forma da galáxia permanece intacta, com suas estrelas ainda se movendo de maneira ordenada.

Novas observações do Atacama Large Millimeter-Submillimeter Array (ALMA) ajudarão a entender se resta gás suficiente para reativar a formação de estrelas e quais são os impactos a longo prazo do buraco negro na galáxia.

Via Olhar Digital

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