Na 16ª cúpula do Brics, realizada em Kazan, Rússia, os líderes anunciaram a criação da categoria “Países Parceiros do Brics”. No entanto, a Venezuela, liderada pelo ditador Nicolás Maduro, foi excluída da lista de 13 países convidados, apesar de contar com o apoio da Rússia e da China.
A Declaração de Kazan ressaltou o interesse do Sul Global em integrar-se ao bloco, com os membros discutindo 33 pedidos formais de adesão. Segundo o chanceler Mauro Vieira, o Brasil não apoiou nem vetou novas adesões, concentrando-se nos critérios para futuras expansões.
Nos bastidores, relatos apontam que o Brasil, sob a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Celso Amorim, manifestou reservas quanto à entrada da Venezuela. Essas restrições foram motivadas por tensões diplomáticas, incluindo insinuações de Maduro de que Lula seria um agente da CIA.
Durante a cúpula, Maduro reuniu-se com Vladimir Putin e reafirmou o compromisso da Venezuela com o Brics, declarando que “a Venezuela está no caminho do Brics, do equilíbrio do mundo”. Ele chegou a Kazan depois de enviar a vice-presidente Delcy Rodríguez.
A expansão do Brics
Os membros do Brics incluem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos integrantes como Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.
O Brasil, que assumirá a presidência do bloco em 2025, apoia a adesão de dez novos parceiros, com destaque para países latino-americanos como Cuba e Bolívia.
Vieira afirmou que o Brasil não busca se afastar do Brics nem adotar uma postura antagônica ao Ocidente.
“O Brasil não é contra ninguém”, disse. “O Brasil é a favor da cooperação e do desenvolvimento do nosso próprio interesse nacional.”
Até a confirmação das novas adesões e a definição dos direitos dos “Países Parceiros”, o Itamaraty prevê pressões sobre a lista de candidatos. A lista completa não foi divulgada para evitar constrangimentos, como ocorreu com a Argentina.
Rússia trabalha para melhorar imagem de Putin
A Rússia vai iniciar o processo de sondagens junto aos 13 países. Moscou tem interesse em sair como o patrocinador de novos membros por conquistar apoio ao governo de Vladimir Putin, sobretudo, por causa do isolamento provocado pela guerra na Ucrânia.
A organização da cúpula russa tem se esforçado para divulgar imagens que ajudam Putin a combater a ideia de que se converteu num pária internacional.
Nesta quinta-feira, 24, os chefes de Estado e de governo dos países Brics participam justamente do segmento da cúpula destinado à interação com representantes dos países convidados pela Rússia, que costumam ser chamados de Brics Outreach/Brics Plus.
Entre eles, estão Maduro e os potenciais membros da categoria de “países parceiros”, nações que estão há algum tempo na órbita do grupo e participam regularmente de atividades. A cúpula deve ser encerrada com uma coletiva de imprensa de Putin.