Neste sábado, 26, o brasileiro Rafael Zimerman, que sobreviveu a um ataque do grupo terrorista Hamas em 2023, participará de um ato solene pelas vítimas do Holocausto em São Paulo.
O evento, organizado pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), Congregação Israelita Paulista (CIP) e StandWithUs Brasil, ocorre na Sinagoga Etz Chaim da CIP, localizada na Rua Antônio Carlos, 653, Consolação, às 18h.
A cerimônia marca o Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto e os 80 anos da libertação do Campo de Concentração de Auschwitz.
Durante o evento, seis velas serão acesas por sobreviventes, jovens, autoridades políticas e líderes religiosos, em tributo aos seis milhões de judeus exterminados e a todas as vítimas do regime nazista.
Participação de Rafael Zimerman na homenagem às vítimas do Holocausto
Uma sétima vela será acesa por Rafael Zimerman, em memória das vítimas de 7 de outubro. Ele é sobrevivente do ataque terrorista do Hamas no festival Supernova, em outubro de 2023.
Zimerman também é embaixador do movimento #PinForPeace e educador da StandWithUs Brasil.
Brasileiro relembra ataque do Hamas em entrevista a Oeste
Em entrevista exclusiva a Oeste, publicada em junho de 2024, Zimerman relembrou o desespero que sentiu durante os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023.
“Lembro-me de tudo, dos brasileiros que estavam lá, sou o único que tem conseguido falar a respeito e por isso comecei a dar as palestras.”
Ele estava, perto das 6h30, com dois amigos brasileiros, Ranani Glazer e Rafaela Treistman (que também sobreviveu), namorada de Ranani, no festival realizado em Israel. A tenda erguida no meio do deserto ficava a alguns quilômetros da Faixa de Gaza.
“No exato instante, estava sozinho e de repente começo a ouvir estampido de fogos, vejo mísseis passando próximos e me abaixei”, lembra Rafael. A segurança começou a gritar, em hebraico, que era uma situação de código vermelho, um alerta máximo. O estampido era a ação do sistema de defesa Domo de Ferro aos projéteis lançados pelo Hamas.
“Vi gente correndo, deitando, cada um tinha uma reação. Então eu, o Ranani e a Rafaela saímos de lá correndo, tínhamos vindo de carona. Pedimos uma carona para um casal que também fugia, e eles nos deixaram em um dos vários bunkers que ficam pela estrada. Era um compartimento de cimento, com uma única entrada, onde cabiam 15 pessoas. Lá dentro entraram pelo menos 40.”
Sufocado, ele ainda pensava que se tratava somente de um ataque aéreo. Ficou encostado em uma das divisórias de cimento, dentro do bunker.
“Pela parede, senti a vibração de tiros nas minhas costas e ouvi a voz feminina, percebi que era de uma policial, era como se ela estivesse ao meu lado. Ela falava em código vermelho, que eram terroristas e que ela não estava aguentando, segundos depois senti que ela tinha morrido”, prossegue ele.
“Fiquei desesperado, eles começaram a atirar granadas, foi terrível. Comecei a rezar, em português mesmo, falando: ‘Meu Deus, me ajude, nos tire daqui.’Vi o Ranani morrer, ele tentou algo, buscou mudar de posição e vi quando foi alvejado, o seu semblante. Dos cerca de 40, sobreviveram nove. Desmaiei e então acordei embaixo de alguns corpos, os terroristas devem ter pensado que eu tinha morrido.”