sexta-feira, setembro 20, 2024
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Brasileira é denunciada por tráfico de pessoas e trabalho forçado

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou uma brasileira residente em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, por tráfico internacional de pessoas. A mulher recrutava desempregados, que eram obrigados a realizar trabalhos forçados para uma organização criminosa especializada em golpes cibernéticos. O órgão divulgou a informação nesta segunda-feira, 5.

A acusada enganava as vítimas com falsas promessas de emprego na Tailândia e intermediava o envio delas ao país asiático. Depois, os criminosos levavam as pessoas ilegalmente para Mianmar, sede das operações do grupo.

Essa é a segunda denúncia do MPF contra integrantes do esquema. Outro brasileiro já responde por tráfico de pessoas e participação em organização criminosa por recrutar compatriotas.

Em junho de 2022, ele foi uma das vítimas aliciadas pela mulher, agora denunciada. Porém, depois de perceber a oportunidade de ganhar com o agenciamento de mão de obra, passou a atuar em parceria com ela na captação de novos trabalhadores. Mensagens trocadas entre os dois mostram a definição de detalhes para o envio de mais brasileiros ao país asiático.

A organização criminosa, composta majoritariamente de chineses, dedicava-se a fraudes eletrônicas contra norte-americanos. Brasileiros e cidadãos de outras nacionalidades levados para trabalhar na rede criminosa cuidavam do diálogo inicial com as vítimas dos golpes.

Os criminosos forçavam os trabalhadores a estabelecer contato por mensagens para obter dados pessoais e convencer as vítimas a investir em ativos digitais. Depois dessa etapa, outros trabalhadores forçados cuidavam dos encaminhamentos até que os alvos do esquema fizessem aportes financeiros em uma plataforma falsa de criptomoedas.

Esquema de tráfico de pessoas

Os membros da organização criminosa recepcionavam os trabalhadores em Bangkok, na Tailândia. Eles cuidavam de todas as providências para o deslocamento até Mianmar, destino que as vítimas só descobriam ao chegar à capital tailandesa. O percurso por terra incluía a troca frequente de veículos e motoristas e o cruzamento ilegal da fronteira entre os dois países.

Em Mianmar, os trabalhadores eram submetidos a condições degradantes e estavam sob constante ameaça. Eles ficavam alojados na própria base de operações do grupo, um complexo altamente seguro que impedia eventuais fugas. Aqueles que tentassem escapar ou denunciar o esquema eram levados a um setor onde eram presos, torturados ou até mortos.

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As jornadas chegavam a 14 horas de trabalho, cumpridas à noite e quase sem intervalos. Todos tinham metas obrigatórias, e o descumprimento gerava multas que diminuíam sensivelmente os salários.

As condições, somadas a sanções arbitrárias e à necessidade de comprar produtos de higiene e alimentação superfaturados, muitas vezes reduzia os pagamentos a zero ou acarretava dívidas, o que reforçava o domínio dos criminosos sobre os trabalhadores.

Brasileiros vítimas da organização tiveram celulares confiscados depois de uma tentativa de contato com a representação diplomática do país. O resgate dos trabalhadores só foi possível depois da intervenção do governo brasileiro.

Via Revista Oeste

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