O Brasil estreia nesta terça-feira, 22, na versão ampliada do Brics. O movimento acontece sob desconfiança de norte-americanos e europeus, preocupados com possíveis gestos a favor Rússia e o papel que o país vai desempenhar no futuro do bloco emergente. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo.
Um dos grandes desafios do Brasil vai ser seu posicionamento em relação à expansão do grupo, especialmente no que trata da inclusão de ditaduras, como Nicarágua e Venezuela, no bloco.
Como membro fundador, o Brasil possui poder de veto sobre novos membros e considera usá-lo contra a Nicarágua, de Daniel Ortega, e possivelmente contra a Venezuela, de Nicolás Maduro. O encontro vai ser utilizado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, como parte de uma estratégia para demonstrar força e contestar seu isolamento global.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cancelou a viagem à Rússia devido a um acidente doméstico no Palácio da Alvorada. Ele sofreu um traumatismo craniano leve na cabeça.
Segundo o Estadão, a ausência forçada do petista pode acabar evitando embaraços públicos ao presidente e reduziu a expectativa — até no Palácio do Planalto — por um viés negativo na repercussão do Brics. Isso acontece porque o governo teve de desmarcar reuniões bilaterais paralelas à cúpula, a principal delas com o próprio Putin.
Chanceler diz que guerra entre Rússia e Ucrânia não é pauta dos Brics
A reunião entre Lula e Putin, que seria a primeira deste mandato do presidente brasileiro, era aguardada para discutir a proposta de paz sino-brasileira na guerra da Ucrânia, já elogiada por Putin e criticada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
No entanto, o chanceler Mauro Vieira, que assumiu a liderança da delegação na ausência do petista, adiantou que a guerra entre Rússia e Ucrânia não é pauta do Brics.
O tema central será a negociação para ampliar o grupo, hoje formado por países heterogêneos, sob influência majoritária da China, e com mais ditaduras do que democracias. Vieira chegou à cidade de Kazan nesta segunda-feira, 21.
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A cúpula vai decidir a forma e o conteúdo da segunda expansão seguida do grupo, também incentivada por Rússia e China. A do ano passado levou mais de uma década para ocorrer.
Agora, em ritmo acelerado, a negociação avançou para a criação de uma categoria especial de países “parceiros”. Devem ingressar nessa condição outros dez países — de uma lista que chegou a 34 pedidos de adesão.
O Estadão teve acesso à lista de candidatos sobre a mesa. Constam os seguintes países: Argélia, Azerbaijão, Bahrein, Bangladesh, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Honduras, Indonésia, Kuwait, Laos, Malásia, Mianmar, Marrocos, Nicarágua, Nigéria, Palestina, Paquistão, Senegal, Sri Lanka, Sudão do Sul, Síria, Tailândia, Turquia, Uganda, Venezuela, Vietnã e Zimbábue.