Em nota conjunta divulgada nesta quinta-feira, 1°, com o México e a Colômbia, o Brasil continuou sem condenar o processo eleitoral que aconteceu na Venezuela no domingo 28. As três nações pediram a “contenção” das manifestações que tomaram conta do país depois que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou oficialmente o ditador Nicolás Maduro reeleito, com pouco mais de 5 milhões de votos.
Maduro está no poder desde 2013 e a oposição fala em fraude na eleição. Conforme os opositores do regime chavista, o principal candidato contra Maduro, Edmundo González, venceu, com 70% dos votos.
Brasil, Colômbia e México não reconheceram e nem refutaram a eleição venezuelana. Eles aguardam a divulgação das atas eleitorais. Em nota divulgada na segunda-feira 29, o Itamaraty chegou a saudar o “caráter pacífico” da “jornada eleitoral” que aconteceu na Venezuela.
Na nota de hoje, os três países pediram que o governo local divulgue os comprovantes do pleito. As atas são boletins que registram os votos de cada urna. No processo eleitoral de domingo, as atas não foram devidamente apresentadas pelas autoridades, e o governo venezuelano fala de falhas no sistema. Até o momento, Maduro não deu garantia da divulgação dos comprovantes.
“Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, afirmaram os três países na nota.
A comunidade internacional, como Argentina e Chile, apontou falta de transparência no pleito e não reconheceu a reeleição de Maduro. Depois da reação negativa de sete países latino-americanos, Maduro expulsou o corpo diplomático da Argentina, do Chile, da Costa Rica, do Panamá, do Peru, da República Dominicana e do Uruguai. A Organização dos Estados Americanos informou que pedirá a prisão de Maduro ao Tribunal Penal Internacional.
Algumas horas antes de a nota ser divulgada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou de forma remota com os presidentes Manoel Lopez Obrador (México) e Gustavo Petro (Colômbia) sobre a eleição na Venezuela.
Nota conjunta com Brasil pede manutenção da “paz social” na Venezuela
Ainda na manifestação, as três nações manifestaram preocupação com as manifestações que tomaram conta da Venezuela. Segundo eles, a prioridade é “manter a paz social e proteger vidas humanas”.
“Fazemos um chamado aos atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos”, informaram no texto.
Brasil, Colômbia México também se colocaram à disposição para apoiar o diálogo entre o governo e a oposição venezuelana. “Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela”, continuaram. “Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano.”
Confira a íntegra da nota conjunta dos três países
“Os governos do Brasil, Colômbia e México felicitamos e expressamos nossa solidariedade com o povo venezuelano, que compareceu massivamente às urnas em 28 de julho para definir seu próprio futuro.
Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação.
As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados.
Nesse contexto, fazemos um chamado aos atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos. Manter a paz social e proteger vidas humanas devem ser as preocupações prioritárias neste momento.
Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela. Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano.“