domingo, setembro 29, 2024
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Brasil ficou para trás na 4ª Revolução Industrial, diz líder do setor

Em um momento no qual a inovação tecnológica e o dinamismo de cadeias produtivas têm acelerado o desenvolvimento industrial de vários países, na chamada 4ª Revolução Industrial, a indústria brasileira, apesar de crescimentos esporádicos, tem perdido espaço no cenário mundial. Nesta 4ª Revolução, há a inserção de novas tecnologias, como a virtual.

O principal motivo é a perda de competitividade, decorrente de vários fatores, entre eles o alto custo do trabalho formal no país, conforme afirma a Oeste Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Falta ainda ao setor, no Brasil, acompanhar a agenda da 4ª Revolução Industrial, da internet das coisas (rede de objetos físicos incorporados a sensores, softwares e outras tecnologias), da digitalização das empresas, da inteligência artificial (IA), entre outras novas ferramentas.

“Estamos perdendo tempo para crescer, com as dificuldades de gerar investimentos constantes e permanentes, não só no setor têxtil, na indústria como um todo”, observa Pimentel. “Nossa taxa de investimento sobre o Produto Interno Bruto (PIB) é muito baixa, de 15%, 16%, temos de estar a 20%, 22% no mínimo, para crescermos de 3% a 4% de forma sustentável.”

Insegurança jurídica

Outro ponto levantado por ele é a insegurança jurídica. Como exemplo, ele cita a questão da desoneração da folha de pagamentos, que seria fundamental para as indústrias se estabilizarem, mas que ainda não tem um plano definido.

A desoneração possibilita que 17 setores da economia brasileira substituam a alíquota previdenciária de 20% sobre os salários por uma alíquota de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

Em 2023, a desoneração foi aprovada no Senado e na Câmara dos Deputados, derrubando o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto. Derrubado o veto, o governo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade da desoneração. O ministro Cristiano Zanin julgou procedente a demanda, em abril de 2024.

Em maio, o governo e empresários entraram em um acordo no qual, a partir de 2025, será iniciada uma cobrança gradativa, de 5% ao ano, até atingir 20% no ano de 2028. Pimentel, no entanto, ainda se mostra reticente.

“Nossa expectativa hoje é que o Congresso e o Executivo encontrem um caminho e tirem essa insegurança jurídica que vivemos desde o final do ano passado; o Brasil é campeão de insegurança jurídica, e essa é uma prova viva, estamos na segunda metade do ano e não sabemos realmente o que vai acontecer com essa questão da desoneração.”

Dados fornecidos pela Abit revelam que, apesar das dificuldades, a indústria ainda é o setor que mais responde pelas exportações do país, com 66,6% das exportações brasileiras de bens e serviços. Além disso, é responsável por 66,8% dos investimentos nacionais em P&D e 24,4% da arrecadação previdenciária.

“Apenas o importante fomento do agro e dos serviços, conforme atesta a realidade de nossa economia, inserida na armadilha da renda média, não tem sido suficiente para promover ampla inclusão socioeconômica, garantir crescimento sustentado em patamares consistentes, entre 3% e 4% ao ano, e elevar o grau de desenvolvimento”, ressalta Pimentel em artigo. “Para conquistarmos esses avanços, a indústria de transformação é decisiva.”

Via Revista Oeste

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