Todos os anos, 1,3 milhão de toneladas de plástico são descartadas no oceano pelo Brasil, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (17) pela ONG Oceana. O volume representa 8% desse tipo de poluição em todo o planeta e coloca o país como o oitavo maior poluidor global e o primeiro na América Latina
O estudo mostrou que o problema já se tornou uma questão de saúde pública: microplásticos foram encontrados em 9 das 10 espécies de peixes mais consumidos globalmente. Além disso, 98% dos peixes analisados em riachos da Amazônia continham plástico no intestino e nas brânquias.
Os dados estão no relatório Fragmentos da Destruição: impactos do plástico à biodiversidade marinha brasileira, que atualiza informações coletadas sobre o mesmo assunto em 2022.
As descobertas do estudo
- 85% das espécies marinhas que ingeriram plástico estão em risco de extinção;
- 1 em cada 10 animais marinhos que ingeriu plástico morreu;
- 200 espécies marinhas já foram registradas com ingestão de plástico no Brasil;
- 98% dos peixes amazônicos analisados continham plástico ou microplástico no intestino e nas brânquias;
- 70% das tartarugas verdes ingeriram plástico; em algumas regiões do Brasil, esse índice chega a 100%;
- Fragmentos de sacolas e embalagens flexíveis são os itens mais ingeridos por tartarugas;
- 77% dos estômagos analisados de aves, tartarugas e mamíferos tinham plástico;
- 49,5% das espécies de aves, répteis e mamíferos analisados pelo Projeto de Monitoramento de Praias continham plástico no estômago.
Pressão por mudanças
O grupo de pesquisadores espera que o relatório seja usado para pressionar a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2524/2022, atualmente sem previsão de análise na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado.
A proposta tem o apoio de 80 organizações da sociedade civil e propõe a implementação de uma Economia Circular do Plástico por meio de medidas que reinserem o plástico no sistema de produção e consumo.
“O Brasil, mesmo sendo o maior produtor de plástico da América Latina e um dos poucos países sem uma legislação específica contra a poluição plástica, ainda tem a oportunidade de destacar-se nessa luta”, diz o diretor-geral da Oceana, Ademilson Zamboni.