O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que os incêndios no Brasil chegaram à marca de 5,1 mil focos na última segunda-feira, 9. Esse número representa 76% das queimadas em toda a América do Sul.
Os casos registrados aumentaram principalmente no Cerrado, que ultrapassou as ocorrências na região da Amazônia. Aquele bioma atingiu a marca de 2,4 mil focos na última segunda-feira e nesta terça-feira, 10.
A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, afirmou ao portal R7 que o avanço das queimadas no Brasil preocupa por causa da antecipação do período crítico.
“A gente está numa situação muito difícil, até porque não sabe como serão os próximos meses”, afirmou Ane. “Não queremos que seja como foi no fim do ano passado, quando em outubro a situação piorou na Amazônia, principalmente em novembro e dezembro, e a chuva só começou em janeiro. Fico preocupada como será depois de setembro.”
O número de queimadas no começo de setembro de 2024 é duas vezes maior do que no mesmo período de 2023.
Em apenas dez dias no nono mês de 2024, o Brasil registrou 37,4 mil focos de incêndio. No ano passado, a marca foi de 15,6 mil no mesmo período.
Por que os incêndios aumentaram no Brasil?
Ane afirmou que um dos principais motivos para as queimadas aumentarem é a segunda passagem do El Niño (fenômeno que aumenta a temperatura da água do Oceano Pacífico) no continente. A especialista também disse que a ação humana contribui para o aumento dos casos.
“Acho que no Brasil, normalmente, já tivemos secas muito fortes na Amazônia, em uma parte do Cerrado, na região central do país, mas pegando vários biomas ao mesmo tempo, acho que é uma das primeiras vezes”, afirmou. “É quase uma tempestade perfeita, onde o clima é o motor para propagar o fogo que ocorre a partir das queimadas.”