Investigação da Polícia Federal (PF) aponta que o ex-ministro e candidato a vice de Jair Bolsonaro, general Walter Braga Netto, teria aderido e participado de uma tentativa de golpe de Estado depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.
De acordo com as investigações, ele teria integrado um núcleo de atuação responsável por incitar militares a aderirem ao golpe. Em trecho, Braga Netto conversa com Ailton Barros, membro do Exército, e chama o general Freire Gomes – então comandante da corporação – de “cagão”.
A corporação analisou mensagens por WhatsApp trocados por Braga Netto com outros oficiais das Forças Armadas sugerindo a necessidade de “pressionar” colegas de fardas para aderir a uma ruptura.
Analisando o relatório da PF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse que Braga Netto e outros oficiais teriam “se utilizado da alta patente militar por eles detida para influenciar e incitar o apoio aos demais núcleos de atuação, por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas, para a consumação do golpe de Estado”.
As afirmações constam em representação da PF ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O magistrado autorizou nesta quinta-feira (8) uma operação que mira aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que teriam atuado numa tentativa de golpe de Estado para mantê-lo na Presidência após a derrota nas eleições de 2022.
“Imagens (prints) de conversas do aplicativo WhatsApp, extraídas do telefone celular de AILTON BARROS, evidenciaram a participação e adesão do investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO na tentativa de golpe de Estado, com forte atuação inclusive nas providências voltadas à incitação contra os membros das Forças Armadas que não estavam coadunadas aos intentos golpistas, por respeitarem a Constituição Federal”, disse Moraes em sua decisão, citando pontos levantados pela investigação.
Os investigadores analisam uma conversa por WhatsApp de dezembro de 2022 entre Braga Netto e Ailton Barros, ex-major do Exército, que tem como alvo uma suposta “omissão” do então comandante da Força, general Freire Gomes, em aderir ao golpe.
“O investigado WALTER SOUZA BRAGA NETTO, inclusive, chegou a encaminhar para AILTON GONÇALVES MORAES BARROS mensagem que teria recebido de um ” FE” (Forças Especiais), com a seguinte afirmação: ‘Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente’”, relatou Moraes, na decisão.
“Em resposta, AILTON BARROS sugere continuar a pressionar o General FREIRE GOMES e caso insistisse em não aderir ao golpe de Estado afirmou ‘vamos oferecer a cabeça dele aos leões’. O investigado BRAGA NETTO concorda e dá a ordem: ‘Oferece a cabeça dele. Cagão’”.
De acordo com a investigação, Braga Netto também encaminhou uma mensagem de texto, seguida de uma imagem “que teria relação com a residência do General Freire Gomes”, e escreve “em frente à residência do general Freire Gomes, agora”.
Em outra mensagem, também de dezembro, Braga Netto envia mensagens para Ailton Barros “orientando-o a atacar o Tenente-Brigadeiro BAPTISTA JÚNIOR, a quem adjetivou de ‘Traidor da pátria’, e elogiar o Almirante-de-Esquadra ALMIR GARNIER SANTOS [então comandante da Marinha]”.
Conforme o ministro Alexandre de Moraes, citando entendimento da PF, essas mensagens “vão ao encontro” dos fatos descritos por Muro Cid em acordo de delação de que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, “em reunião com o então Presidente JAIR BOLSONARO, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente, tudo de acordo com as imagens acima lançadas”.
A CNN procurou a assessoria de Braga Netto, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.
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