quinta-feira, setembro 19, 2024
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boxeadora campeã aciona Justiça francesa depois de ataques virtuais

A boxeadora intersexual argelina Imane Khelif, campeã na categoria até 66 kg na Olimpíada de Paris 2024, acionou a Justiça na França. Khelif diz ser vítima de ataques virtuais.

A repercussão nas redes sociais começou em 1° de agosto, quando Imane Khelif a italiana Angela Carini desistiu da luta contra a argelina aos 46 segundos. Angela tomou um soco no nariz e preferiu desistir. A italiana explicou posteriormente que uma lesão no nariz foi agravada pelo golpe, o que impossibilitou a continuação da luta.

A denúncia foi apresentada a uma unidade especial do Ministério Público francês, dedicada a combater “crimes de ódio” on-line.

O advogado de Khelif, Nabil Boudi, afirmou que a boxeadora sofreu “grave assédio cibernético” e descreveu os ataques como uma “campanha misógina, racista e sexista”.

Khelif venceu todas as outras três lutas na Olimpíada por 5 pontos a 0 e ficou com medalha de ouro. O mesmo feito foi alcançado pelo também boxeadora intersexual Lin Yu-ting, 28 anos, na categoria até 57 quilos. Com aproveitamento de 100%, a taiwanesa ficou também com medalha de ouro.

Associação Internacional de Boxe bane lutadora por condição intersexual

Tanto Khelif quanto Yu-ting foram reprovadas em um teste de gênero feito pela Associação Internacional de Boxe (IBA) em 2023. O teste indicou que elas tinham cromossomos XY, típico de homens, e não de mulheres (que são os cromossomos XX).

Por isso, a IBA decidiu pelo banimento da argelina e da taiwanesa. Entretanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não reconheceu a autoridade da IBA.

Apesar de não divulgar o resultado, por questões de sigilo médico, o presidente do órgão, Umar Kremlev, afirmou que elas tinham cromossomos XY (masculinos).

Análise dos promotores sobre lutadora da Olimpíada de Paris

Os promotores franceses vão decidir se abrem uma investigação formal para apurar o caso. A denúncia não identifica um suspeito específico, o que deixa a responsabilidade de encontrar os culpados para os investigadores.

Antes da ação judicial de Khelif, Kirsty Burrows, responsável pela unidade de proteção e saúde mental do COI, também apresentou uma queixa às autoridades francesas.

Kirsty relatou ter recebido ameaças de morte e assédio virtuais depois de defender Imane Khelif em uma entrevista coletiva em Paris.

Investigações e possíveis penas

A promotoria de Paris confirmou o recebimento da queixa de Kirsty em 4 de agosto. Além disso, informou que a Unidade Nacional de Luta contra o Ódio On-line investiga as ofensas e ameaças.

Pela lei francesa, os crimes, se comprovados, podem resultar em penas de prisão de dois a cinco anos e multas entre € 30 mil e € 45 mil (entre R$ 180 mil a R$ 270 mil, aproximadamente).

Khelif conquistou a medalha de ouro e tornou-se uma heroína nacional na Argélia. Na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos, realizada no último domingo, 11, ela foi a porta-bandeira de seu país.

Via Revista Oeste

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