O presidente do Chile, Gabriel Boric, defendeu que os países “progressistas” deveriam ter assumido uma única posição em relação às eleições da Venezuela neste ano, que acabaram com a manutenção do ditador Nicolás Maduro no poder. Também criticou a “venezuelização da política interna” do Brasil.
“Existem certas matérias que representam avanços civilizatórios, em relação às quais deveríamos ter uma única postura, sem duplo padrão”, disse Boric. “As forças progressistas são enfraquecidas quando, diante de certos conflitos, adotam posturas vacilantes, exitantes ou em postura de certas amizades ou interesses políticos, no lugar de seguir os seus princípios.”
Durante o debate “Defesa da Democracia, Combatendo os Extremismos” promovido no âmbito da 79ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, 24, Boric argumentou que “diante dessas situações no mundo”, o correto seria “tomar uma única posição nos países progressistas”.
“Os direitos humanos e a violação aos seus direitos, e quero frisar isso, não podem ser julgados conforme a cor do ditador de turno que o violar ou o presidente que o violar, seja Netanyahu em Israel, Maduro na Venezuela, Ortega na Nicarágua ou Vladimir Putin na Rússia. Quer se defina de direita ou de esquerda, então que seja. Nós, progressistas, temos de ser capazes de defender princípios”, afirmou.
Boric conversou com Lula sobre Nicolás Maduro
O presidente Gabriel Boric foi um dos chefes de Estado que não reconheceu a “vitória” do regime de Nicolás Maduro nas eleições da Venezuela. Já Lula disse que o país deveria passar por novas disputas, pois nem o ditador, nem a oposição, teriam “ganhado”.
“Isso eu acho que nós fracassamos porque não usamos as mesmas medidas para julgar aqueles que estão do nosso lado”, declarou Boric durante discussão na ONU.
O chefe do Executivo do Chile afirmou que esse tipo de posicionamento “aconteceu muito na América Latina e nos prejudicou muito também”. Em seguida disse ter conversado “com o presidente Lula sobre isso, sobre como a venezuelização da nossa política interna causou um prejuízo muito grande para as esquerdas”.