sexta-feira, novembro 22, 2024
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Bolsonaro pede a Elon Musk que vá ao Congresso dos EUA e exponha a censura no Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro participou de uma transmissão ao vivo, neste sábado, 4, no Spaces do Twitter/X. Na live, o ex-chefe do Executivo foi interpelado pelo influenciador australiano Mario Nawfal e pelo pesquisador e professor Sulaiman Ahmed. Mais de cem mil usuários simultâneos acompanharam a conversa.

Bolsonaro comentou o assunto mais falado no país desde a campanha eleitoral para as eleições de 2022: a censura.

Durante a transmissão, o ex-presidente também lembrou da repressão contra perfis de direita nas redes sociais, lamentou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o inabilitou para o próximo pleito e afirmou que o dono do Twitter/X, Elon Musk, pode ajudar a restabelecer a liberdade de expressão no Brasil — desde que compareça ao Congresso dos EUA, em 7 de maio, e revele como o TSE agiu para suprimir a livre manifestação de ideias no país.

Por que o senhor foi acusado de tentar impor uma ditadura no país?

Passei quatro anos sendo acusado de o tempo todo buscar a censura, fato que não aconteceu. Um juiz da Suprema Corte [Alexandre de Moraes] foi para a censura sobre páginas da direita. Durante a campanha eleitoral, quase todas as páginas derrubadas ou desmonetizadas me apoiavam nas eleições. A censura continuou, foi potencializada. É o objetivo do governo a destruição da direita no Brasil. Ainda bem que apareceu uma força vinda dos EUA, porque o governo Joe Biden não cumpriu com sua parte para que a liberdade de expressão ocorresse no Brasil. As pessoas foram perseguidas. Algumas conseguiram asilo nos EUA. Outras foram detidas. Outras têm a Polícia Federal invadindo suas casas. Tudo para calar a direita no Brasil.

O que pensa sobre a imprensa brasileira?

A esquerda tem o apoio da imprensa oficial, e nós não temos. Só restaram para a gente as mídias sociais. A grande imprensa tradicional é favorável à esquerda. Para a gente, sobraram as redes sociais. Para nos calar de vez, desgastaram políticos de direita. Isso aconteceu durante as eleições, com o cancelamento de páginas. E as pessoas influentes do meu lado, quase todas, foram censuradas. Temos vários exemplos, como os empresários que foram acusados de golpistas por conversarem no WhatsApp. Luciano Hang nunca foi golpista, mas conseguiram tirá-lo do ar. Inibiram os outros empresários de participar das eleições.

Os EUA ajudaram a impor a censura no Brasil?

Acredito que a censura veio dos EUA para cá, para ajudar o governo de esquerda daqui. Vocês terão noção disso a partir dos depoimentos no Congresso dos EUA. Entendo que essas provas têm de vir de vocês. Temos um sentimento de que aconteceu. As provas têm de vir do Parlamento norte-americano e do próprio Elon Musk, caso vá depor.

Como a imprensa vê o trabalho do senhor?

Primeiro, cheguei à Presidência apenas com um celular nas mãos. Meu filho foi meu marqueteiro. Ninguém esperava no Brasil essa possibilidade, porque eu era apenas um deputado sem partido nem fundo partidário. A imprensa era contra mim. Isso alertou o sistema contra mim, para que alguém do meu perfil não fosse presidente. Todas as acusações contra mim não passam de narrativa.

Por que o senhor foi acusado de golpe?

O 8 de janeiro daqui é parecido com o Capitólio. Baderneiros invadiram prédios públicos, não havia lideranças nem nada. Não dá para justificar uma tentativa de golpe.

Qual é o legado do governo Bolsonaro?

Fizemos, ao longo do mandato, despertar o povo brasileiro para o que é a política. Comigo, o povo entendeu o que é a política e as potencialidades do Brasil. Fizemos a maioria do povo brasileiro feliz. Continuamos arrastando multidões pelo Brasil, enquanto o atual presidente não consegue 5% disso nas ruas.

A repressão no Brasil afeta apenas um lado político?

A história do Brasil nos últimos anos tem mostrado que as pessoas mais à direita têm sido executadas. O meu caso ocorreu em setembro de 2018. Entendo que a parte da PF que investigou não quis chegar à conclusão de quem foi o mandante.

O que o senhor espera da comissão do próximo dia 7 de maio?

O que esperamos nessa comissão do Parlamento dos EUA é que consigam avançar nessa investigação. Acredito que os depoimentos dos brasileiros e de Michael Shellenberger, assim como a possível ida de Elon Musk ao Congresso dos EUA, são importantes. Eles precisam falar sobre o que está acontecendo com a liberdade de expressão no Brasil. As empresas de rede social podem ter sido pressionadas a aceitar certas determinações e censurar todos no Brasil. A censura recaiu basicamente sobre a direita.

O senhor pode citar exemplos de cidadãos que foram reprimidos no Brasil?

Tivemos exemplo no passado, com Jason Miller, detido no aeroporto. Também há o Sergio Tavares, português. A ideia era evitar que ele cobrisse o evento na Avenida Paulista, em São Paulo.

Existe liberdade de expressão no Brasil?

Há dificuldade em termos liberdade de opinião no Brasil. O depoimento no Parlamento norte-americano no dia 7 pode trazer luzes para essa questão da liberdade no Brasil. Esperamos que o Elon Musk apresente essas provas de censura no Brasil, que afeta a vida das pessoas.

Por que tornaram o senhor inelegível?

Minha inelegibilidade veio porque me reuni com embaixadores no Brasil. Foi a resposta que dei ao presidente do TSE. O motivo não tem peso nenhum, mas a maioria do TSE é partidária. Se existe a possibilidade de reverter, é pelo Parlamento.

Há uma democracia no Brasil?

Nossa democracia está ameaçada há algum tempo. Algumas autoridades infringem leis para salvar a democracia. Melhor: elegeram uma pessoa que tem amizade com ditadores do mundo todo [Lula].

O que o senhor pensa de Elon Musk?

Quando Elon Musk esteve no Brasil, o chamei de mito da liberdade. Não justifica, no meu entender, uma acusação dessas contra Elon Musk. Isso busca atingir a soberania brasileira e colocar um fim em nossa democracia. Com censura, não há Starlink nem liberdade de expressão.

O STF é enviesado?

Quem indica as pessoas para compor a Suprema Corte são os chefes do Executivo. Há uma quebra de isenção. A grande maioria dos ministros foi indicada por presidentes de esquerda. Isso influencia nos julgamentos.

Os EUA deveriam ajudar o Brasil?

Os EUA têm uma grande influência pelo mundo. Sabemos que aí ainda existe liberdade de expressão. Vocês são democráticos. Participem do evento de 7 de maio, para que a censura deixe de existir no mundo. Sem liberdade de expressão, não há democracia.

Por que o senhor defenderia a liberdade de expressão?

Você não muda a cabeça das pessoas de uma hora para outra. Isso é trabalho das universidades. Terá de conviver e mostrar com exemplos qual lado está certo. Apesar de ter perdido em 2022, a maior parte da população quer a minha volta. Só com a liberdade de expressão conseguimos vencer os obstáculos.

Por que o senhor acredita que os EUA se envolveram nesse caso do Twitter Files Brasil?

Na América do Sul, temos a Venezuela, que é uma ditadura. Entendo que não há interesse dos norte-americanos que o Brasil vá para a esquerda. Talvez essa seja a intenção. Sem as mídias sociais, não dá para sonhar com a liberdade de expressão no Brasil.

Os brasileiros têm medo da censura?

Uma pesquisa desta semana mostra que dois terços dos brasileiros têm medo de se expressar, ou seja, temem ser censurados. É a prova de que a censura existe no Brasil.

Qual recado o senhor deixa para o mundo?

Não acontece de uma hora para outra, vai devagar. Quando vê, não tem mais retorno. Para o Brasil, temos a possibilidade de voltarmos à normalidade, tendo em vista o que for apresentado no Parlamento norte-americano, sobre o que aconteceu no Brasil. Não vivemos numa situação de normalidade. Não temos liberdade de expressão no Brasil.



Via Revista Oeste

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