Durante o interrogatório conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 10, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protagonizou um momento inusitado ao interagir com o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga o chamado “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe.
Enquanto respondia às perguntas de Moraes e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro interrompeu a formalidade da sessão com uma pergunta curiosa:
— Posso brincar com o senhor?
Moraes, aos risos, respondeu:
— O senhor que sabe. Eu perguntaria aos seus advogados.
Bolsonaro emendou:
— Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.
Moraes respondeu:
— Declino do convite.
A brincadeira gerou risos entre os presentes. Essa cena quebrou por instantes o clima sério do interrogatório, que faz parte de uma série de oitivas com autoridades e ex-integrantes do governo federal investigados no caso.
O interrogatório de Bolsonaro
Os interrogatórios com os réus do “núcleo 1” do suposto golpe começaram nesta segunda-feira, 9. O primeiro a falar foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Presidência da República. Ele negou que Bolsonaro tivesse assinado minutas para implantação de estado de defesa ou de sítio.
Ainda na segunda-feira, o STF ouviu o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Hoje parlamentar, Ramagem atuou como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência de julho de 2016 a março de 2022.
Na manhã desta terça-feira, Moraes, Gonet e Fux interrogaram o almirante Almir Garnier, o general Augusto Heleno e o delegado Anderson Torres. O primeiro comandou a Marinha. O segundo foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, enquanto o terceiro serviu como ministro da Justiça e Segurança Pública. Os três negaram que houve plano para a aplicação de um golpe de Estado. Torres, por exemplo, chamou a “minuta do golpe” de “minuta do Google”.
Generais à vista
O ex-presidente Jair Bolsonaro não será o último a ser interrogado pelo STF nesta semana. A Corte ainda vai ouvir dois generais do Exército.

Depois de Bolsonaro, o Supremo vai interrogar o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Ex-ministro-chefe da Casa Civil e ex-ministro da Defesa, além de candidato a vice-presidente da República em 2022, Braga Netto falará por meio de videconferência, uma vez que está preso desde dezembro do ano passado.