A Bolsa de Tóquio está se recuperando da queda histórica desta segunda-feira, 5. O mercado fechou a terça-feira 6 com alta de 10,23%, o que reverte parte das perdas do dia anterior.
Ao fim do pregão asiático, o índice Nikkei 225 somava 34.675 pontos. Investidores aproveitaram as oportunidades depois do tombo que derreteu os ganhos do ano até então.
Na segunda-feira, a Bolsa de Tóquio caiu 12,4%, a maior baixa desde a chamada “Black Moday”, em 1987. O declínio foi impulsionado pelos dados de emprego nos Estados Unidos, que vieram pior do que o esperado.
A bolsa já havia perdido 5,8% na sexta-feira 2 e ampliou ainda mais as perdas depois do fim de semana. Com a caída brusca, o índice Nikkei 225 passou a acumular queda de 25%, desde o pico histórico de julho.
Bolsas de outros países também sofreram impacto
Outros mercados asiáticos também foram impactados. O índice Kospi, da Coreia do Sul, caiu 8,77%, fechando em 2.441,55 pontos, enquanto o Taiex, de Taiwan, recuou 8,35%, terminando em 19.830,88 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana registrou a maior queda diária desde maio de 2020, com o índice S&P/ASX 200 caindo 3,70%, aos 7.649,60 pontos.
Especialistas do mercado financeiro ouvidos por Oeste destacam que o temor de recessão nos EUA, somado ao aumento da taxa de juros no Japão, pode ter contribuído para a movimentação negativa das bolsas asiáticas.
“O mercado estava precificando um cenário de ‘céu de brigadeiro’, em que a inflação ficaria sob controle e os juros poderiam começar a cair sem que o país entrasse numa recessão”, explica a gerente de research e conteúdo da Nomad, Paula Zogbi.
“Agora, o temor é que o Fed tenha demorado demais para começar a baixar juros e que esses juros altos tenham, sim, causado início de uma recessão”, acrescenta Paula.
A especialista da Nomad destaca que o Banco Central japonês manteve a taxa de juros baixa por mais de 17 anos, o que provocou um grande carry trade — movimento em que um investidor toma dinheiro emprestado em uma moeda com juros baixos e o investe em ativos de outra divisa que tenha taxa de juros mais elevada.
“Porém, o mercado diz que esse dinheiro não estava sendo usado só para lucrar com moedas de países emergentes, mas também para investimentos, por exemplo, em big techs“, afirma. “Ou seja, eles estavam se alavancando por meio de carry trade para comprar ações nos mercados globais, e esses movimentos estão se desmontando.”
Já o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, explica que as altas taxas de juros no Japão provocam um movimento de migração de recursos aplicados em renda variável para renda fixa. Essa é uma forma de investidores buscarem “proteção” para seus ativos.
“Todo mundo tenta se proteger indo para títulos públicos norte-americanos, porque com os Estados Unidos desacelerando, todo mundo tende a desacelerar”, acrescenta. “Então, quem perder [dinheiro], vai perder menos. É uma coisa meio é irracional, mas é assim que o mercado funciona.”