domingo, novembro 24, 2024
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Bluesky não tem representante legal no Brasil

Rede social concorrente do Twitter/X, o Bluesky ainda não possui representante legal no Brasil. A plataforma se tornou uma “alternativa” à plataforma suspensa e ganhou 1 milhão de usuários nos últimos três dias, totalizando aproximadamente sete milhões, e brincou em seu perfil oficial que agora é “um aplicativo brasileiro”.

Uma fonte confirmou ao jornal Folha de S. Paulo que o Bluesky não tem representação legal no país. A suspensão do Twitter/X, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreu devido ao não cumprimento de uma ordem judicial para nomear um representante legal no país.

Segundo o dono do Twitter/X, Elon Musk, a representante judicial anterior teve suas contas bancárias congeladas e foi ameaçada de prisão.

Entre sexta e sábado, a língua portuguesa (73,7%) superou o inglês (16,5%) entre as mais usadas no Bluesky, sediado nos Estados Unidos. A empresa afirmou estar em contato com advogados nos EUA e no Brasil, mas não especificou planos para estabelecer uma representação formal no país.

Empresas estrangeiras que desejam operar no Brasil devem ter uma representação legal para lidar com questões jurídicas e administrativas perante as autoridades nacionais. O artigo 1.134 do Código Civil exige que essas empresas apresentem uma prova de nomeação de representante com poderes para aceitar as condições exigidas.

Detalhes da exigência

Nova fachada do X, apresentada em julho de 2023, por ocasião da compra do Twitter por parte de Elon Musk | Foto: Reprodução/Twitter
Nova fachada do X, apresentada em julho de 2023, por ocasião da compra do Twitter por parte de Elon Musk | Foto: Reprodução/Twitter

O artigo 1.138 do Código Civil também estabelece que a sociedade estrangeira autorizada a funcionar deve ter um representante no Brasil com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial. No entanto, especialistas apontam que essas exigências são menos claras para empresas digitais como o Bluesky.

Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade e professor de direito da Uerj, afirmou à Folha que “se uma empresa fosse obrigada a ter um representante em cada país no qual o seu aplicativo vai ser baixado, isso inviabilizaria uma característica da internet”.

O Twitter/X, já tinha escritório e representação no Brasil, mas desmantelou sua estrutura. A empresa anunciou no dia 17 que encerraria suas operações no país e acusou Moraes de ameaçar prender seus funcionários.

Elon Musk argumenta que as solicitações de suspensão de perfis pelo Supremo ferem a liberdade de expressão.

Enquanto isso, o Bluesky, lançado em 2022, liberou o cadastro público sem exigência de convite no início deste ano, e sua operação ainda é pequena comparada ao Twitter/X.

Falta de parâmetros na legislação para empresas digitais

Carlos Affonso Souza destacou a falta de parâmetros na legislação para empresas digitais: “Mas não temos nenhum parâmetro para isso na legislação, de quantos clientes, quantos contratos, quanta receita, é esperada por uma empresa que não quer evadir as obrigações nacionais.”

A tendência é que, à medida que um serviço ganha volume e o Brasil se torna um mercado relevante, a empresa começa a considerar representação legal e formação de uma sociedade. No caso de bens físicos, pequenas empresas de e-commerce enviam produtos para o Brasil sem ter representação no país.

Godofredo de Souza Dantas, presidente do IBDEE, afirmou: “É comum que consumidores brasileiros adquiram bens de empresas que não têm representação no Brasil e enviam para o país. É um procedimento, inclusive, chancelado pela própria Receita.”

Segundo o artigo 11 do Marco Civil da Internet, qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de dados pessoais em que pelo menos um desses atos ocorra no Brasil deve respeitar a legislação brasileira. Isso se aplicava ao X, que tinha uma estrutura completa no país.

Twitter/X não operava de forma clandestina, destaca especialista

Durante a entrevista à Folha, Dantas destacou que o Twitter/X não operava de forma clandestina no Brasil.

“O X não era uma empresa que vinha operando no Brasil de forma clandestina, era uma empresa que tinha escritório no país há até poucos dias e esse escritório teve as atividades encerradas, segundo a empresa, por uma ameaça de prisão, por descumprimento de ordem judicial.”

Em 2022, Moraes também determinou o bloqueio do Telegram, cujo fundador, Pavel Durov, pediu desculpas ao STF e prometeu instalar representação no país. O Telegram acatou as exigências e nomeou um representante oficial no Brasil.

O que é o Bluesky

rede social criador Twitter
As funcionalidades da nova rede social são bem similares ao Twitter, inclusive no visual | Foto: Divulgação / bluesky

O Bluesky foi fundado em 2019 por Jack Dorsey, ex-CEO e co-fundador do Twitter/X. O aplicativo funciona de forma bem parecida com o Twitter, e tem um layout semelhante, mas em uma versão mais minimalista.

As funções são praticamente as mesmas: é possível fazer publicações em texto, com no máximo 300 caracteres, e em imagens, assim como excluir seus posts e curtir, comentar e repostar as publicações de outros usuários.

No entanto, diferentemente do Twitter/X, no Bluesky não é possível publicar vídeos e nem áudios.

Via Revista Oeste

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