O Brasil pode perder um bioma em um futuro próximo. A declaração é da ministra do meio-ambiente, Marina Silva, que afirmou nesta quarta-feira (4) que o Pantanal corre risco de desaparecer até o fim do século como consequência do aquecimento global.
O Pantanal já enfrenta a pior seca em 40 anos, além do recorde de queimas, que ocorrem também da Amazônia e já causam transtornos em diversas regiões do Brasil. De acordo com a ministra, na Comissão de Meio Ambiente do Senado, os prejuízos serão muitos.
Segundo Marina, estudos já indicam que o Pantanal pode sumir até o fim do século devido à baixa precipitação e o processo de evapotranspiração. Dessa forma, o bioma nunca consegue alcançar a cota cheia, o que, com o tempo, pode causar sua extinção.
A cada ano se vai perdendo cobertura vegetal. Seja em função de desmatamento ou de queimadas. Você prejudica toda a bacia e assim, segundo eles [pesquisadores], até o final do século nós poderemos perder a maior planície alagada do planeta
Marina Silva
É possível salvar o Pantanal? Situação do bioma é crítica
A ministra afirmou que o Governo Federal luta para agir preventivamente contra as queimadas, mas que muitas ações já deveriam ter sido feitas antes da gestão atual. Ainda de acordo com Marina, hoje o governo gasta para combater os incêndios ao mesmo tempo em que precisa investir em setores que estimulam essa tragédia.
“Ao mesmo tempo somos cobrados que tenha-se medidas para fazer medidas de combate ao fogo e, ao mesmo tempo, somos cobrados para que se faça investimentos que são altamente retroalimentadores do fogo. É um paradoxo. Não preciso citar aqui os empreendimentos”, declarou Marina.
A ministra disse que hoje está lutando para minimizar os danos, mas que não será possível eliminá-los completamente sem mais ações. “Eu diria que o esforço que está sendo feito nesse momento é de tentar ‘empatar o jogo’, com essas condições totalmente desfavoráveis”, completou.
Queimadas mais que dobraram no Brasil em agosto, segundo Inpe
O número de focos de queimadas no Brasil mais que dobrou em agosto de 2024, em comparação ao mesmo período em 2023. É o que mostram dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Em agosto deste ano, o país registrou 68.635 focos de queimadas. Já em agosto do ano passado, o Brasil teve 28.056 focos de queimadas. A diferença representa um aumento de aproximadamente 145%.
Os dados estão disponíveis na parte “Estatísticas: Estados, Regiões e Biomas Brasileiros” do site do Programa Queimadas.