O contraventor Rogério de Andrade, considerado o maior bicheiro do Rio de Janeiro, foi transferido para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira, 12. A decisão partiu da 1ª Vara Criminal do Rio.
O patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel deixou a Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino (Bangu 1) no começo da manhã, sob escolta de quatro viaturas.
A transferência para o Regime Disciplinar Diferenciado foi confirmada na última quarta-feira, 6, depois de negociações entre o TJRJ e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Andrade foi preso no fim do mês passado, durante a Operação Último Ato, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ). Ele é acusado de ser o mandante do assassinato do rival Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020, e responde por outros crimes, ligados à exploração de jogos de azar, extorsão e homicídio.
Histórico de conflitos e briga pelo poder
Rogério de Andrade é sobrinho de Castor de Andrade, um dos antigos chefes do jogo do bicho no Rio, e manteve uma disputa sangrenta com Fernando Iggnácio, que assumiu o império da contravenção depois da morte do sogro, em 1997.
Nos anos 1990, Andrade decidiu entrar no mercado de máquinas caça-níqueis, dominado por Iggnácio, o que deu início a uma guerra familiar. A estimativa é que pelo menos 50 pessoas perderam a vida em confrontos gerados por essa rivalidade, diz a apuração do g1.
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Em 2021, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Andrade pelo homicídio de Iggnácio, mas a ação foi arquivada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano seguinte, por falta de provas. Entretanto, novas investigações do Gaeco/MPRJ revelaram outros indícios.
Operações e mandados de prisão para o bicheiro
Rogério de Andrade tem sido alvo de diversas operações do MPRJ nos últimos anos. Ele foi preso na Operação Calígula, que investigou a expansão de seu domínio no ramo de jogos de azar, com métodos violentos e práticas de corrupção.
De 2022 a abril deste ano, o bicheiro usou tornozeleira eletrônica e cumpriu recolhimento domiciliar noturno, sem poder sair de casa depois das 18h. Uma decisão do ministro Nunes Marques em abril liberou Andrade do dispositivo de monitoramento.
Ao lado de seu filho Gustavo, Andrade chegou a ficar foragido. O bicheiro figurou na lista de mais procurados da Interpol. Segundo o MPRJ, ele comandava uma organização criminosa que incluía o ex-policial Ronnie Lessa, envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco.
O TJRJ recusou dois habeas corpus para Andrade na segunda-feira 4. Os pedidos tentavam reverter a prisão e evitar o regime diferenciado para o contraventor.