segunda-feira, novembro 25, 2024
InícioCiência e tecnologiaBC prevê extinção dos apps de bancos em 2 anos; entenda como

BC prevê extinção dos apps de bancos em 2 anos; entenda como

A mera possibilidade de um “fim dos apps de banco” deu o que falar nos últimos dias. Durante um evento nos Estados Unidos, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, frisou que, “talvez daqui a um ano e meio ou dois anos, você não terá mais um app do Itaú, do Bradesco ou do Santander”, como destacou o Valor Econômico. No lugar, os usuários contariam com um aplicativo agregador para movimentar as contas em uma única plataforma.

Ainda que ousada, a ideia é uma grande aposta do movimento Open Finance. De acordo com o BCB, trata-se de um sistema aberto que possibilita o compartilhamento de informações entre instituições financeiras. Atualmente, a plataforma é voltada, principalmente, para o acesso a extratos ou para auxiliar na liberação de crédito.

Com o seu discurso, Campos Neto aponta para o futuro da integração do sistema financeiro brasileiro. Mas como tudo isso funcionaria na prática?

Roberto Campo Neto, presidente do Banco Central (BC) (Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

Roberto Campo Neto, presidente do Banco Central (BC) (Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

O product manager de Pix e Open Finance da Efí Bank, Thiago Resende, ressaltou que a ideia implicaria no desenvolvimento de um ambiente único para visualizar e movimentar dados de todas as contas bancárias.

“Ou seja, esses aplicativos agregadores não só exibirão os ‘meus saldos’ em diversas instituições, mas também facilitarão a movimentação desses saldos, proporcionando uma experiência mais integrada para os usuários”, explicou, em entrevista ao Giz Brasil.

Emanuela Ramos, vice-presidente de Business Development na Nava Technology for Business, também destaca que o aplicativo agregador reuniria todas as informações em um único lugar tanto para acessá-las quanto para fazer transações.

“Com um único app que permita a concentração de todos os dados bancários de um ou mais bancos, você eliminaria a necessidade de ter os apps dos bancos instalados”, afirmou.

App agregador pode ajudar na gestão financeira (Imagem: Reprodução/PxHere)

App agregador pode ajudar na gestão financeira (Imagem: Reprodução/PxHere)

App agregador ofereceria visão global das finanças

Como o próprio presidente do Banco Central destacou, o aplicativo agregador dispensaria os demais. Os especialistas consultados pelo Giz Brasil apontam que a solução reduziria a quantidade de plataformas de bancos instalados no celular.

“Se os dados já estão compartilhados, a ideia é que as pessoas não tenham que usar dois ou mais aplicativos de bancos diferentes e que tenha tudo num único lugar”, disse a vice-presidente da Nava.

Emanuela Ramos ainda indica que a visão global poderia facilitar a gestão financeira dos brasileiros. O modelo também aumentaria “a corrida das instituições financeiras” para oferecer produtos com taxas mais atrativas aos consumidores. As ações, neste caso, teriam um foco maior na fidelização e relacionamento com seus clientes.

Thiago Resende, da Efí Bank, detalha os recursos que poderiam ser centralizados no aplicativo agregador. Entre eles, está o gerenciamento de créditos, empréstimos e gestão de cobranças.

Open Finance está em progresso, mas ainda tem léguas a percorrer até a chegada de um app agregador completo (Imagem: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Open Finance está em progresso, mas ainda tem léguas a percorrer até a chegada de um app agregador completo (Imagem: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Apesar da aposta, sistema ainda tem desafios

Pode ser que a ideia demore mais de dois anos para sair do papel. Isso acontece, em parte, devido à evolução do próprio Open Finance. Em funcionamento desde 2022, em outubro, o sistema já ultrapassou a margem de 40 milhões de consentimentos, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Mas é preciso ver esse avanço no formato atual que foi implementado com cuidado.

É o que aponta a vice-presidente Emanuela Ramos. Ao falar sobre a aceleração do serviço, ela destaca dois desafios. Entre elas, a insegurança do brasileiro ao consentir a liberação dos seus dados para outros bancos ou instituições financeiras.

Outro ponto a se considerar é o formato atual do Open Finance. Afinal, o sistema ainda não consegue demonstrar com facilidade ao brasileiro quais as vantagens que ele tem ao disponibilizar seus dados.

“Até para as instituições, quando ela tem o ‘consentimento do dado’, ainda há um desafio para comparar todos os produtos e oferecer com inteligência e velocidade novas soluções que sejam mais competitivas e proporcionem melhora financeira ao cliente”, pontuou.

O product manager da Efí Bank destaca que o Open Finance é capaz de revolucionar a forma como lidamos com nossas finanças. “Embora o progresso possa ser gradual, estamos caminhando na direção certa para um ecossistema financeiro mais dinâmico e acessível”, disse.

“É importante frisar que essa ‘revolução’ ainda corre em passos relativamente lentos, já que, para isso acontecer de forma plena, é necessário a colaboração de todas as instituições financeiras. É necessário que as instituições financeiras olhem para o Open Finance com uma maior atenção, para que tenhamos um ecossistema 100% operacional, sem falhas.”

Apps agregadores precisam ser seguros (Imagem: Pixabay/Reprodução)

Apps agregadores precisam ser seguros (Imagem: Pixabay/Reprodução)

Refino na segurança pode levar tempo

A segurança é um dos principais investimentos dos bancos brasileiros. Como apontou o Valor, com base em estimativas da Febraban de 2022, os bancos já desembolsaram R$ 3,5 bilhões para expandir a proteção. Esta é uma das maiores preocupações ao desenvolver aplicativos agregadores, mas também pode ser uma barreira.

“Com certeza, segurança é uma das barreiras para que tenhamos um app agregador como esse no tempo de um ano e meio, como o presidente do Banco Central comentou”, disse Emanuela Ramos.

O product manager Thiago Resende também destaca que a confiança dos consumidores no sistema dependerá diretamente da eficácia das medidas de segurança dos apps. Especialmente porque os usuários teriam acesso a informações sensíveis de várias instituições em um único local.

Por isso, é necessário oferecer garantias de que as medidas de segurança sejam robustas o suficiente para proteger contra invasões e acessos não autorizados.

“A segurança dependerá da implementação eficaz de medidas de proteção, como autenticação multifatorial, criptografia robusta e monitoramento constante de atividades suspeitas”, destacou.

Mesmo assim, o gerente indica que os aplicativos agregadores têm o potencial de oferecer mais segurança aos usuários.

“Ao centralizar as informações financeiras em um aplicativo, os consumidores podem reduzir a exposição de dados sensíveis, uma vez que não precisariam acessar vários aplicativos individuais de diferentes instituições financeiras”, destacou.

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui