O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reagiu às críticas que recebeu depois de participar de um jantar na casa de Diego Barreto, presidente do iFood. A empresa tem interesse direto em ações que tramitam no STF, principalmente sobre o reconhecimento de vínculo empregatício entre entregadores e plataformas de delivery.
Ao abrir uma sessão extraordinária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta terça-feira, 27, Barroso rebateu os questionamentos e atacou a imprensa. “A incultura é um problema difícil de sanar no Brasil”. Conforme o magistrado, parte das críticas surgiu de veículos interessados em “vender jornal falando bobagem”.
Barroso se apresenta como ‘fazedor’
Do mesmo modo, o ministro ironizou os críticos. “No Brasil, existem atualmente duas grandes categorias de pessoas: as que fazem alguma coisa e as que têm razão. Portanto, a gente tem que continuar fazendo e deixar para as que têm razão e precisam vender jornal falando bobagem. Fizemos um jantar para arrecadação de fundos com empresários em São Paulo”.
Durante o evento, convidados filmaram Barroso cantando a música Garota de Ipanema ao lado de Diego Barreto e da cantora Paula Lima. O ativista René Silva e o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, também participaram da apresentação.
O iFood é parte interessada em discussões relevantes no STF sobre a regulamentação dos trabalhadores de aplicativos. Embora a Corte já tenha decidido, em casos específicos, contra o reconhecimento de vínculo empregatício entre motoristas e plataformas, os ministros ainda não formaram uma jurisprudência definitiva sobre o tema.
Não é a primeira vez que Barroso se envolve em episódios fora do ambiente jurídico. Em julho de 2022, ele subiu ao palco da União Nacional dos Estudantes (UNE) segurando um cartaz com dizeres de tom político, o que gerou críticas sobre possível quebra de decoro. Na oportunidade, disse, inclusive, “nós derrotamos o bolsonarismo”.
Em 2021, o ministro também virou alvo de questionamentos ao declarar, durante um evento acadêmico, que “perdeu a vergonha de ser feliz”, em meio a debates sobre a atuação do STF na condução de temas sensíveis do país.
Apesar das polêmicas, Barroso costuma afirmar que esses gestos representam uma tentativa de aproximação com a sociedade e minimiza as críticas, que, segundo ele, refletem visões conservadoras sobre o papel das instituições.