sábado, abril 12, 2025
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bancos foram beneficiados, diz PF

A Polícia Federal intensifica as investigações sobre fraudes contábeis na Americanas, que resultaram em um rombo de R$ 22,8 bilhões. De acordo com a corporação, bancos obtiveram retornos expressivos com essas práticas irregulares, deixando fornecedores e acionistas minoritários prejudicados.

Ex-executivos da empresa, agora delatores, alegam que a colaboração dos bancos foi fundamental para a perpetuação das fraudes.

Fábio da Silva Abrate, ex-diretor financeiro, declarou que sem o apoio dos bancos, as fraudes não teriam alcançado a magnitude observada. Ele mencionou que ameaçou encerrar contratos com Itaú e Santander se não retirassem informações das cartas de circularização.

A investigação da PF também revela manipulação de registros financeiros por meio de cartas fictícias de verba de propaganda cooperada, suportadas por e-mails falsos, resultando em ocultação deliberada de dívidas financeiras e comprometendo a transparência com investidores.

Defesa dos bancos e implicações financeiras

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nega que as instituições financeiras soubessem das irregularidades. A Febraban argumenta que, se tivessem conhecimento, não continuariam a conceder empréstimos.

Os bancos têm mais de R$ 20 bilhões a receber, sem garantias, e afirmam que a responsabilidade pelas informações financeiras cabia aos gestores da Americanas.

O relatório da PF, que fundamenta a denúncia do Ministério Público Federal, envolve treze ex-executivos da Americanas acusados de associação criminosa e manipulação de mercado. Entre os indiciados estão Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, Anna Christina Ramos Saicali e José Timotheo de Barros.

Mecanismo de fraude na Americanas

Fachada da unidade das Lojas Americanas, na rua Figueiredo de Magalhães, em Copacabana, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro
Fachada da Americanas em Copacabana, no Rio de Janeiro | Foto: Pedro Kirilos/Estadão Conteúdo

As fraudes, ocorridas por mais de uma década, utilizavam o mecanismo de risco sacado, comum no setor varejista. Ele permitia à empresa antecipar pagamentos a fornecedores e apresentar balanços inflacionados. Isso beneficiou acionistas com dividendos fictícios, mas a revelação das fraudes causou queda no valor das ações.

A data exata do início das fraudes é incerta, mas Flávia Carneiro, então colaboradora da empresa em 2007, relatou inconsistências desde sua chegada. Ela descreveu que as metas financeiras não refletiam a realidade, criando uma “bola de neve” de resultados inflacionados.

Segundo os delatores, internamente, as fraudes eram amplamente conhecidas. Fábio Abrate afirmou que havia um “conhecimento generalizado” sobre as manobras financeiras. A PF conclui que essa operação contava com um conhecimento coletivo, sugerindo um ambiente corporativo de conivência com práticas ilícitas.

O Santander declarou prejuízo de quase R$ 4 bilhões devido às fraudes, enquanto o Itaú negou envolvimento. Ambos os bancos rejeitam transferir a responsabilidade pelas demonstrações financeiras da Americanas. Os delatores não foram denunciados pelo Ministério Público em razão de seus acordos de colaboração.

Via Revista Oeste

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