O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) decidiu nesta quarta-feira, 31, manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano.
Essa é a segunda vez seguida que o Banco Central mantém os juros em 10,50%. A decisão do Copom foi unânime e foi motivada por uma avaliação de que “a conjuntura doméstica e externa exige ainda mais cautela”.
Selic poderá se manter elevada por mais tempo
Segundo o comunicado divulgado pelo próprio Banco Central, o processo desinflacionário brasileiro tende a ser mais lento. Com isso, a manutenção de juros se torna compatível com a convergência ao redor da meta no horizonte relevante.
“O ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, aparece no documento do Copom.
Banco Central retira previsões de inflação para 2024 e 2025
O Banco Central retirou do documento as previsões para a inflação de 2024 e 2025, mantendo apenas para 2026 em 3,4% no cenário de referência e 3,2% em cenário alternativo, “no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante”.
O Banco Central também salientou que está monitorando “com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal”, que, segundo o BC, “impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
Política fiscal do governo Lula alvo de críticas
O documento divulgado pelo Copom parece apresentar uma crítica a atual política fiscal do governo Lula, salientando a importância de uma política fiscal “crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida“.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, salientou o Banco Central.