quinta-feira, maio 22, 2025
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Bactéria desconhecida na Terra é encontrada na estação espacial chinesa

Uma notícia publicada recentemente pelo jornal chinês South China Morning Post revelou a descoberta de uma bactéria não conhecida na Terra em uma cabine da estação espacial chinesa Tiangong. Detectada em uma inspeção de mapeamento rotineiro, a cepa foi batizada como Niallia tiangongensis. 

Os microrganismos foram inicialmente detectados pela tripulação da Shenzhou-15, que realizou a última etapa de construção da Tiangong, como parte de uma das duas pesquisas do Programa de Microbioma da Área de Habitação da Estação Espacial, que monitoram comunidades microbianas potencialmente perigosas.

A remoção e identificação da N. tiangongensis foi descrita por pesquisadores do Shenzhou Space Biotechnology Group e do Instituto de Engenharia de Sistemas Espaciais de Pequim em artigo publicado na revista International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, em março de 2025.

O estudo, revisado por pares, afirma que, “como os micróbios podem apresentar riscos potenciais à saúde humana e à operação normal de naves espaciais, o estudo de microrganismos espaciais na CSS [iniciais em inglês para Estação Espacial Chinesa] é sempre urgente”.

Segundo os pesquisadores, o microrganismo possui características biológicas e metabólicas especiais, que podem favorecer sua sobrevivência e adaptação ao ambiente espacial extremo.

De onde veio a bactéria desconhecida?

Bacillus circulans pode causar sepse em pacientes imunocomprometidos • Freepik

A detecção do microrganismo surpreendeu os cientistas. Não pela presença de bactérias no espaço, que é uma ocorrência comum nesses ambientes, mas porque a espécie encontrada nunca havia sido descrita em nosso planeta.

As características biológicas e genéticas da nova espécie indicam algumas similaridades com uma cepa terrestre conhecida como Niallia circulans, uma bactéria em forma de bastonete que vive no solo, conhecida por sua resistência e capacidade de formar esporos.

Essas estruturas de sobrevivência protegem as bactérias de condições ambientais adversas, como radiação, falta de nutrientes e microgravidade. São justamente essas características, afirmam os pesquisadores, que podem ter permitido que a bactéria sobrevivesse, e até prosperasse, na estação espacial.

Mas, qual seria a origem dessa bactéria desconhecida? A resposta mais plausível é que ela tenha sido levada sem querer da Terra, provavelmente, “de carona” em equipamentos, mantimentos ou até mesmo pelos próprios astronautas, após sobreviver surpreendentemente ao processo de descontaminação.

Segundo os autores, a nova bactéria possui capacidade única de quebrar gelatina para obter nitrogênio e carbono, criando biofilmes protetores em condições adversas. No entanto, perdeu a habilidade de metabolizar “guloseimas” (substâncias energéticas) consumidas pelas parentes da Terra.

Como evitar contaminações por bactérias no espaço?

Bactérias mostraram uma notável adaptabilidade aos nossos habitats orbitais. • China Manned Space Engineering Office/Divulgação

Essa especialização evolutiva com perdas observada na Niallia mostra que evoluir em um ambiente onde a gelatina era abundante permitiu à espécie abrir mão de outras funções digestivas. A rapidez com que isso ocorreu mostra uma notável adaptabilidade aos nossos habitats orbitais.

O fenômeno mostra que não há muito que possamos fazer a respeito. Exames realizados nas “salas limpas” utilizadas pela Nasa na preparação da missão Mars Phoenix revelaram dezenas de diferentes cepas microbianas, incluindo 26 espécies completamente novas.

Um estudo recente dessas bactérias, encontradas no ensaio da missão que irá estudar o gelo do Ártico marciano, revelou que sua extraordinária resistência resulta de genes altamente especializados no reparo eficiente de DNA e na tolerância a substâncias consideradas tóxicas.

Como não podemos impedir sua existência nem sua impressionante capacidade adaptativa, torna-se absolutamente vital conhecer profundamente esses microrganismos. Só assim será possível prever, com um certo grau de precisão, como eles se ajustarão à vida espacial.

Ainda não está claro se a N. tiangongensis representa algum tipo de ameaça à saúde dos astronautas. Contudo, o fato de sua “prima” Bacillus circulans causar sepse em pacientes imunocomprometidos reforça a importância de compreender esses “clandestinos microscópicos” como prioridade em futuras missões espaciais.

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Via CNN

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