quinta-feira, setembro 19, 2024
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Avião que caiu em Vinhedo (SP) voou por minutos sob gelo severo, mostra satélite

Análises de satélites revelaram que o avião da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira, 9, voou entre oito e dez minutos em meio a gelo severo. O manual do bimotor de modelo ATR 72-500 classifica a condição climática como “emergência”.

Nessa situação, a aeronave pode perder sustentação e girar. O acidente resultou na morte das 62 pessoas a bordo, sendo quatro delas tripulantes.

O gelo severo acumulado nas asas e no estabilizador horizontal pode não ser removido pelo sistema antigelo. A condição degrada a performance e a controlabilidade da aeronave, conforme o manual obtido pelo portal g1.

As orientações do documento do ATR alertam que “gelo severo indica que a taxa de acúmulo é tão rápida que os sistemas de proteção contra gelo falham em remover o acúmulo”.

Reconstituição detalha condições meteorológicas adversas

Uma reconstituição feita pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas mostra que o avião enfrentou uma zona meteorológica crítica por quase dez minutos.

A aeronave atravessou nuvens a temperaturas abaixo de -40°C. Segundo o g1, o meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, disse que ficou assustado ao analisar as condições meteorológicas daquela rota, no dia da queda.

“Naquela rota, o plano de voo ia pegar uma situação crítica, não só pela área de formação de gelo severa, porque você tinha essas condições termodinâmicas, mas também de ventos nessa região que estavam sendo alimentados por outros sistemas”, explicou Barbosa.

Apesar de São Paulo já estar sob influência de uma frente fria, outros fatores contribuíram para agravar as condições meteorológicas no local do acidente.

Barbosa explicou que um ciclone extratropical e fumaça de queimadas trazida pelo ar seco da Amazônia também afetaram a região. A condição climática injetou mais umidade e deixou a água das nuvens mais fria e líquida.

Impacto dos fenômenos climáticos no trajeto do avião

Segundo Barbosa, a aeronave enfrentou condições meteorológicas adversas durante todo o trajeto, desde o Paraná, onde foi empurrada por ventos fortes, até São Paulo, onde entrou na zona de formação de gelo.

A análise do Lapis indica a possibilidade de que o avião enfrentou ventos fortes, com velocidade em torno de 53 km/h, na mesma direção do voo. O clima adverso trouxe ainda mais instabilidade.

A zona mais crítica foi enfrentada entre 13h10 e 13h19, com perda de contato radar às 13h22.

“Talvez chegando até a dez minutos que ele ficou dentro dessa situação, é um tempo considerável para uma condição extremamente desfavorável”, disse o pesquisador.

Barbosa destacou que, enquanto na superfície as condições eram estáveis, em níveis mais altos da atmosfera os ventos eram fortes. Isso pode ter contribuído para a turbulência e as dificuldades enfrentadas pelo piloto.

Conforme o jornal O Globo, um laudo mostrou que o avião já havia apresentado problemas no sistema de degelo em pelo menos seis ocasiões em três dias de julho do ano passado, conforme relatórios internos da companhia aérea.

Gravações da caixa-preta revelam últimos momentos

O gravador de voz da cabine do ATR-72 registrou conversas do copiloto sobre “dar potência” à aeronave minutos antes da queda, além de gritos.

As cerca de duas horas de transcrição foram analisadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes. A análise preliminar indica que o ATR 72-500 perdeu altitude repentinamente.

A transcrição do áudio mostra que, ao perceber a perda de sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou o que estava acontecendo e disse que era preciso “dar potência”.

A tentativa de estabilizar a aeronave não foi bem-sucedida. Cerca de um minuto decorreu entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. A gravação termina com gritos e o estrondo do impacto.



Via Revista Oeste

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