Diante da repercussão negativa sobre as restrições impostas às mulheres para ingresso no Exército, integrantes da Força Armada alegam que o aumento da presença feminina nas carreiras militares se trata de “um projeto a longo prazo.”
Argumentam ainda que é preciso uma adaptação — até mesmo da estrutura dos quarteis — para receber um contingente feminino maior.
Oficias-generais lamentaram a forma como o parecer jurídico foi escrito e avaliam que era necessária uma explicação “menos técnica” para justificar a restrição. O texto aponta “fisiologia feminina” como limitador para acesso de mulheres ao Exército.
“É necessário reconhecer que a fisiologia feminina, refletida na execução de tarefas específicas na zona de combate, pode comprometer o desempenho militar em operações de combate, dependendo do ambiente operacional”, diz o parecer do Exército.
Ainda de acordo com o Exército, as atividades militares relacionadas ao combate — caso da infantaria, cavalaria e artilharia — possuem elevado nível de exigência, incluído força muscular, potência anaeróbica e resistência física.
“Baixo nível de aptidão física […] expõe aqueles menos preparados a riscos, limita a prontidão da unidade, aumenta o número de hospitalizações e de afastamento das atividades funcionais. Os estudos também demonstram que as mulheres militares podem ter duas a três vezes mais chance de terem lesões e fraturas”, completa.
Em caráter reservado, oficiais rebatem as críticas dizendo que a exigência física das atividades militares não podem ser comparadas a de outras carreiras como magistratura, por exemplo.
Militares argumentam ainda que há necessidade até mesmo de adaptações nas estruturas do Exército para receber um aumento do contingente feminino, o que ainda não há previsão de ocorrer. Por exemplo, ampliar espaços, como dormitórios para mulheres.
A prioridade do Exército, neste momento, é a construção da Escola de Sargentos da Zona da Mata, cujo termo de compromisso foi assinado na semana passada em Pernambuco com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A possibilidade de mulheres ingressarem na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) só ocorreu após a aprovação de uma lei em 2012. A proposta partiu da ex-presidente Dilmar Rousseff (PT).
As primeiras mulheres oficiais, que entraram na Aman, em 2018, só se formaram em 2021. Elas correspondem a 10% do total de 400 cadetes que ingressam na academia todos os anos.
Atualmente, mulheres só podem se especializar nas armas (atividades) de Intendência, Material Bélico e Comunicações, que, segundo o Exército, não demandam o manuseio de equipamentos pesados.
De acordo oficiais, com o tempo será possível preparar fisicamente aquelas mulheres que demonstrarem interesse em estar à frente da linha de combate do Exército. Ou seja, poderiam ingressar nas armas de Artilharia, Cavalaria, Infantaria e Engenharia.
Porém, não há prazo de quando isso irá ocorrer.
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