Lin Yu-ting, de Taiwan, garantiu ao menos a medalha de bronze na Olimpíada ao derrotar a búlgara Svetlana Staneva por decisão unânime dos juízes. Elas competiram nas quartas de final da categoria até 57 kg, categoria de peso pena, neste domingo, 4.
O placar foi de 5 a 0. Com isso, Yu-ting avançou à semifinal, onde não há disputa pelo terceiro lugar.
Imane Khelif, por sua vez, garantiu uma medalha para a Argélia ao vencer a pugilista húngara Luca Anna Hamori, também por 5 a 0, na categoria de peso médio. Ela e a tailandesa Janjaem Suwwannapheng irão se enfrentar na terça-feira, 6.
Agora, a taiwanesa enfrentará a turca Esra Kahraman na quarta-feira, 7, e afirmou ter o objetivo de seguir em frente e buscar o ouro. Ela não mencionou os ataques sobre sua identidade de gênero e disse ter fechado suas redes sociais antes do início das Olimpíadas.
Yu-ting e Imane Khelif foram autorizadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a competir na Olimpíada de Paris 2024, mesmo depois de falharem em testes de gênero realizados pela Associação Internacional de Boxe (IBA) no Mundial de Boxe do ano passado, em Nova Délhi, Índia.
O presidente da IBA, Igor Kremlev, afirmou que “elas tinham cromossomos XY (que determinam o sexo masculino)”. As atletas receberam apoio de seus países durante os protestos nas redes sociais.
Muitos internautas acreditam que Imane e Yu-ting não deveriam competir na categoria feminina devido às suas condições biológicas, que poderiam dar-lhes uma “vantagem” sobre as outras atletas.
Reação de Svetlana Staneva, oponente de Lin Yu-ting na Olimpíada
Ao final do combate, Svetlana e Yu-ting não se cumprimentaram. Depois, a búlgara se virou para a plateia e fez um gesto de “X” com os dedos cruzados, o que foi considerado um sinal para afirmar que ela, ao contrário de Yu-ting, tem cromossomos XX (sexo feminino).
Bulgarian female boxer Svetlana Staneva makes ‘X’ hand gesture to signal she is a real woman, after being beaten by biological male Lin Yu-Ting.
XX= Female Chromosomes.
— Oli London (@OliLondonTV) August 4, 2024
Svetlana herdou o bronze depois que a Associação Internacional de Boxe desclassificou Yu-ting no Mundial de Boxe de 2023.
COI diz que recebeu testes de gênero de pugilistas, mas alega que exames são ilegítimos
O Comitê Olímpico Internacional informou que recebeu, em junho, uma carta da Associação Internacional de Boxe com resultados de testes de gênero das pugilistas Imane Khelif, da Argélia, e Lin Yu-ting, de Taiwan.
Apesar de acusadas de falharem nos testes, ambas continuam competindo na Olimpíada de Paris 2024, organizada pelo COI. A presença das atletas nos Jogos gerou controvérsia nas redes sociais, onde foram acusadas de não serem mulheres.
O diretor de comunicação do COI, Mark Adams, afirmou que a carta da IBA foi ignorada porque “os testes não são legítimos” e para proteger a privacidade das atletas.
“Mesmo a forma como esse material foi compartilhado é contra a ética”, afirmou. “São ataques graves aos direitos das mulheres envolvidas”. Ele acrescentou que “o método, a ideia do teste, feito da noite para o dia, nada disso é legítimo nem merece resposta, muito menos em detalhe.”
A relação entre COI e IBA é tensa desde que o comitê retirou da IBA a organização do boxe olímpico em 2019 por “falta de credibilidade e governança”.
Em nota, a IBA reafirmou que Khelif e Lin deveriam estar proibidas de competir e questionou a segurança no ringue. O presidente da IBA defendeu a decisão com base em testes de DNA, afirmando que as atletas tentaram enganar seus colegas.