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“Até pizza com abacaxi pode ser boa”, diz italiano criador do 50 Top Pizza

Natural de Capaccio, na província italiana de Salerno, Albert Sapere é um apaixonado por seu país e por sua gastronomia, e a divulga onde quer que vá. Sommelier veterano e mestre em degustação de queijos e azeites, junto com Bárbara Guerra e Luciano Pignataro ele criou em 2017 o 50 Top Pizza. Trata-se de um guia online atualizado todos os anos, que se propõe a eleger as melhores pizzarias da Itália e do mundo, e que acabou se tornando referência para profissionais e entusiastas.

Sapere veio ao Brasil para a divulgação do 50 Top Pizza Latin America 2025. É a segunda vez que a versão da premiação focada na América Latina é lançada, o evento aconteceu ontem (10) no Instituto Italiano di Cultura, no Rio de Janeiro. Há ainda outros braços regionais, como Europa, Estados Unidos e Ásia, além do ranking global – este, tradicionalmente divulgado no segundo semestre.


Albert Sapere
Albert Sapere, criador do 50 Top Pizza • Divulgação

“Procuramos recomendar aos nossos leitores lugares cheios de personalidade, que usam ingredientes de qualidade”, explica ele, ressaltando que o serviço e o atendimento também são levados em consideração. Em 2025 o Brasil dominou a lista latinoamericana, com 25 pizzarias,

Pelo segundo ano consecutivo, a Leggera Pizza Napoletana, de São Paulo, apareceu em primeiro lugar no ranking, sendo eleita a melhor pizzaria artesanal da América Latina. Comandada por André Guidon, a pizzaria tem duas unidades na capital paulista, em Perdizes e nos Jardins.

O pódio foi completado pela Ti Amo, em Adrogué, na região de Buenos Aires, na Argentina, e pela Allería, em Providencia, no Chile.

Outras quatro pizzarias brasileiras ficaram no top 10. São elas: a Ferro e Farinha (4º lugar), comandada por Sei Shiroma, que possui unidades espalhadas no Rio de Janeiro; a QT Pizza Bar (5º lugar), de Matheus Ramos, de São Paulo; A Pizza da Mooca (também em 5º lugar), de São Paulo e liderada por Fellipe Zanuto; e a Unica Pizzeria (7º lugar), de São Paulo, que repetiu a colocação do ano passado.

Entre uma pizza e outra, Sapore falou sobre o ranking, os critérios de avaliação e o que acha da clássica pizza paulistana. Confira:

CNN V&G: O 50 Top Pizza nasceu na Itália e rapidamente ganhou o mundo. O que você acredita que contribui para esse sucesso global do guia?
Sapore: Acredito que o sucesso do 50 Top Pizza diz respeito à credibilidade. Isso está baseado no fato de que estamos no mundo da pizza há mais de 20 anos e conhecemos muito bem o setor.

CNN V&G: A propósito, como surgiu a ideia do 50 Top Pizza?
Sapore: O 50 Top Pizza nasceu juntamente com os outros dois curadores do guia, Barbara Guerra e Luciano Pignataro, e nossas diferentes experiências se uniram. Barbara e eu fomos organizadores de um congresso de chefs e pizzaiolos chamado LSDM por 13 anos, com várias edições ao redor do mundo. E foi o primeiro congresso culinário a ter pizzaiolos como palestrantes, ao lado de chefs.

Luciano Pignataro, um jornalista influente do Il Mattino (o jornal mais importante do sul da Itália), com o blog que leva seu nome, foi o primeiro a tratar da pizza na web, há mais de 20 anos. Dessa união entre nós três, e da contínua descoberta de novas histórias e uma qualidade sempre crescente no mundo da pizza, decidimos sistematizar toda nossa experiência.

CNN V&G: Quais são os elementos fundamentais que permitem ao guia avaliar as melhores pizzarias do mundo?
Sapore: Obviamente, quando falamos de pizza, a massa tem grande importância, assim como a qualidade dos ingredientes, o serviço, o cardápio de bebidas, além da coerência e personalidade do projeto, aspectos que nos importam de maneira particular.

CNN V&G: As avaliações são feitas por inspetores. Como esses inspetores são selecionados? Que tipo de orientação eles recebem?
Sapore: A primeira edição do guia na Itália nasceu em 2017, mas o projeto foi iniciado em 2014. Precisamos de tempo para criar uma rede de pessoas confiáveis que pudessem nos ajudar, seguindo nossos padrões para realizar o projeto. Assim como foi para a Itália, também adaptamos para os outros lugares, levando tempo para construir uma rede de colaboradores com grande paixão por pizza. Nossa estrutura é vertical; no caso da América Latina, temos um líder de painel, que é nosso ponto de referência, para cada país. Conversamos com eles continuamente e nos comparamos para entender as novas tendências desse mundo.

CNN V&G: Quanto o serviço e o ambiente contam na avaliação de um restaurante? São tão importantes quanto a comida?
Sapore: Como mencionei antes, o serviço e o ambiente também são fundamentais para nós. Eu acrescentaria que, especialmente quando se trata de pizza e pizzarias, o sorriso é um elemento indispensável, porque uma pizzaria é um lugar de alegria. Costumamos repetir para nossos inspetores que o sorriso é um dos melhores ingredientes.

CNN V&G: Há algo que faria um restaurante perder pontos na avaliação, como colocar abacaxi na pizza?
Sapore: Se a for bem feita e com um pensamento gastronômico, até a pizza com abacaxi pode ser boa! O que pode fazer o lugar perder pontos é o serviço rude e a pizza de má qualidade, seja a massa ou os ingredientes.

CNN V&G: Você visitou alguma das pizzarias brasileiras mais bem classificadas, como a A Pizza da Mooca, Bráz, entre outras? Quais foram suas impressões sobre elas?
Sapore: Sim! Fui em algumas e, no caso da A Pizza da Mooca, Fellipe Zanuto certamente criou um lugar cheio de personalidade e utiliza ingredientes de qualidade. Isso é exatamente o que buscamos para recomendar aos nossos leitores.

CNN V&G: São Paulo é a segunda cidade que mais consome pizza no mundo. Você chegou a experimentar a pizza típica paulistana?
Sapore: Claro! Há poucos dias fui à Bráz e experimentei a pizza paulistana. Conheço a Bráz há anos e ela está sempre em evolução. É um estilo que mostra o quanto a cidade de São Paulo ama pizza.


Pizza Margherita vegetariana da Braz
Pizza Margherita vegetariana da Bráz • Bruno Geraldi

CNN V&G: Como você vê os estilos regionais quando se trata de pizza? Você está aberto a mudanças e inovações?
Sapore: Tentamos contar todos os estilos de pizza: a paulista, a nova-iorquina, obviamente a napolitana… Ao longo desses anos encontramos muitos estilos, mas a condição tem que ser sempre a mesma: massa excelente, ingredientes de qualidade, serviço e hospitalidade.

CNN V&G: Além da Itália, quais lugares você considera que têm as melhores pizzas atualmente?
Sapore: É uma pergunta difícil, porque encontramos muitas boas pizzas ao redor do mundo. Certamente nos países onde a pizza é mais consumida há mais qualidade. Eu diria que, para responder à sua pergunta, são Nova York, São Paulo e Tóquio.

CNN V&G: De maneira geral, você acha que a qualidade das pizzas ao redor do mundo está melhorando?
Sapore: A qualidade da pizza melhorou exponencialmente nos últimos cinco anos.

CNN V&G: Considera que prêmios e guias como o 50 Top Pizza têm algum papel nisso?
Sapore: Os consumidores estão mais atentos e certamente a ambição de entrar em um ranking mundial leva muitas pizzarias a aumentar a qualidade, o que beneficia os clientes.

CNN V&G: A pandemia trouxe mudanças para esse mercado?
Sapore: Com certeza! Depois da pandemia, o número de pizzarias aumentou e há uma maior demanda por pizza. O serviço de delivery melhorou, houve novas ideias para aprimorar o processo de produção e entrega.

CNN V&G: Para pizzaiolos e chefs que se esforçam para alcançar o nível de excelência do 50 Top Pizza, que conselho você daria? Quais são os elementos fundamentais para criar uma pizza de qualidade internacionalmente reconhecida?
Sapore: O conselho que eu daria é pensar na felicidade dos seus clientes. Existem três conceitos fundamentais: produto, serviço e personalidade.

CNN V&G: Por fim, se você tivesse que escolher uma última pizza para comer na sua vida, qual seria?
Sapore: Definitivamente uma pizza das minhas origens: a marguerita napolitana, com tomates San Marzano DOP, fior di latte, azeite extra-virgem e bastante manjericão.

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Via CNN

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