Astrônomos localizaram a galáxia mais antiga já descoberta com um crescimento ao contrário do padrão de outros sistemas mapeados: de dentro para fora.
Eles utilizaram o Telescópio James Webb para registrar imagens do aglomerado que foi formado apenas 700 milhões anos após o Big Bang — período considerado recente para o Universo, que tem 13,8 bilhões de anos.
A galáxia encontrada pelos cientistas tem características maduras para sua existência precoce, o que desafia os padrões conhecidos para a formação de sistemas.
De acordo com os resultados da pesquisa, publicados na revista Nature Astronomy nesta sexta-feira (11), o formato da galáxia recém-descoberta se assemelha a formação de uma cidade, pois tem uma concentração de estrelas em seu núcleo — o centro do município — e se torna menos densa no sentido das bordas — o que seriam os subúrbios galácticos.
Também foi possível observar que sua tendência é de se espalhar, com a formação de estrelas se acelerando nas áreas periféricas.
“À medida que a galáxia cresce e a formação de estrelas aumenta, é meio como um patinador artístico girando: à medida que o patinador puxa os braços para dentro, ele ganha impulso e gira cada vez mais rápido. As galáxias são um pouco semelhantes, com o gás acumulando-se mais tarde de distâncias cada vez maiores, a acelerando, razão pela qual elas frequentemente formam formas espirais ou em disco”, explicou o coautor principal, Dr. Sandro Tacchella, do Laboratório Cavendish, de Cambridge.
Para comparação, os cientistas explicam que essa nova galáxia — que é cem vezes menor que a nossa — dobra sua massa estelar nas periferias a cada 10 milhões de anos, enquanto a Via Láctea, apenas a cada 10 bilhões de anos.
A descoberta desafiou os padrões conhecidos para o crescimento das galáxias, que eram conhecidos de duas formas. No primeiro modo conhecido, os sistemas atraem ou acumulam gás para criar estrelas e, no segundo, fazem fusão com outros menores. Entretanto, a novidade levantou hipóteses sobre o Universo primitivo.
“Todas eram como esta? Estamos agora analisando dados semelhantes de outras galáxias. Ao olhar para diferentes sistemas ao longo do tempo cósmico, podemos ser capazes de reconstruir o ciclo de crescimento e demonstrar como as galáxias crescem até seu tamanho final hoje”, relatou Tacchella.
A observação só foi possível graças ao Telescópio Espacial James Webb, ferramenta fruto da parceira da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) com a ESA (Agência Espacial Europeia) — a mais atualizada que temos em relação à observação do espaço.
Sua investigação começa nas primeiras luzes depois do Big Bang e vai até o surgimento de sistemas solares capazes de suportar vida em planetas, como a Terra.
Nesta pesquisa, por exemplo, os astrônomos usaram o telescópio para registrar a luz emitida pela galáxia em diferentes comprimentos de onda e estimar o número de estrelas mais jovens em comparação com estrelas mais velhas — convertendo em uma estimativa da massa estelar e da taxa de formação de astros
“Tivemos muitos dados excelentes nos últimos dez milhões de anos e para galáxias em nosso canto do universo, mas agora com o Webb, podemos obter dados observacionais de bilhões de anos atrás, explorando o primeiro bilhão de anos da história cósmica, o que abre uma série de novas questões”, disse Tacchella.
Veja imagens históricas do Telescópio James Webb
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Última vista do Telescópio Espacial James Webb capturada pelas câmeras do foguete • Arianespace/ESA/NASA/CSA/CNES
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Lançamento do Telescópio Espacial James Webb no dia 25 de dezembro de 2021 • NASA/Bill Ingalls
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Telescópio James Webb em construção e sendo preparado para seu em preparação para os testes de centro de curvatura • Maggie Masetti/Nasa
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Teste final do escudo solar do Telescópio Webb • NASA/Chris Gunn
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Modelo do JWST em tamanho real no evento SXSW de 2013 • NASA/Chris Gunn
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