quinta-feira, novembro 21, 2024
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Astrofísica avança com aglomerados globulares em 3D

Um estudo publicado este mês na revista Astronomy & Astrophysics avança significativamente na compreensão da formação e evolução de populações estelares em aglomerados globulares. 

Conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (INAF), da Universidade de Bolonha e da Universidade de Indiana, nos EUA, este é o primeiro trabalho a realizar uma análise cinemática em 3D de 16 aglomerados globulares da Via Láctea, revelando como as estrelas se movem dentro dessas estruturas.

Os resultados apontam que esses aglomerados se formaram por meio de eventos múltiplos de formação estelar, o que é fundamental para compreender sua evolução dinâmica ao longo do tempo. A pesquisa utilizou uma abordagem multidimensional, combinando observações de última geração com simulações dinâmicas.

Em um comunicado, Emanuele Dalessandro, autor principal do estudo e pesquisador do INAF, destaca que “entender os processos físicos por trás da formação e evolução inicial dos aglomerados globulares é uma das questões astrofísicas mais fascinantes e debatidas dos últimos 20 a 25 anos”. 

Galeria de imagens dos 16 aglomerados globulares analisados em ordem de diferença nas propriedades cinemáticas observadas entre as múltiplas populações estelares. Crédito: ESA/Hubble – ESO – SDSS

O que são aglomerados globulares

Os aglomerados globulares, que podem ter entre 12 bilhões e 13 bilhões de anos, são um dos primeiros sistemas a se formar no Universo, representando uma população típica das galáxias. Com massas que variam entre centenas de milhares de massas solares e dimensões de alguns parsecs, eles são visíveis até em galáxias distantes. 

Dalessandro enfatiza a importância astrofísica desses aglomerados, que não apenas testam modelos cosmológicos, como também servem como laboratórios naturais para estudar a formação e evolução de galáxias.

Esses sistemas contêm mais de uma população estelar: uma primordial, com propriedades químicas semelhantes a estrelas da galáxia, e outra com composições químicas anômalas em elementos como hélio e oxigênio, segundo Mario Cadelano, pesquisador da Universidade de Bolonha e coautor do estudo. No entanto, os mecanismos que regulam essa formação ainda não estão claros.

A análise baseou-se na medição de velocidades 3D, combinando movimentos próprios e velocidades radiais, utilizando dados do telescópio Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), e do VLT, do Observatório Europeu do Sul (ESO). Essa combinação ofereceu uma visão sem precedentes da cinemática estelar. 

Representação artística do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), que forneceu dados para a investigação. Crédito: Ccarreau – ESA

O estudo revelou que estrelas com diferentes abundâncias químicas apresentam propriedades cinemáticas distintas, como velocidades de rotação variadas.

Alessandro Della Croce, estudante de doutorado no INAF, explica que a pesquisa analisou o movimento de milhares de estrelas em cada aglomerado. Os dados mostraram que estrelas com composições químicas anômalas tendem a girar mais rápido e se dispersam das regiões centrais para as externas. 

Essas diferenças cinemáticas refletem a idade dinâmica dos aglomerados, indicando que as estrelas com composições químicas diferentes se formaram em locais distintos dentro dos aglomerados.

Os achados contribuem para a compreensão dos processos físicos e das escalas de tempo na formação e evolução de estruturas estelares massivas. Essa nova perspectiva 3D oferece um entendimento mais profundo da dinâmica desses sistemas estelares intrigantes, ajudando a elucidar mistérios sobre suas origens.

Via Olhar Digital

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