sexta-feira, junho 13, 2025
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Assassino de Mércia processa desafetos e busca nova namorada

Condenado a 22 anos e 8 meses de prisão pela morte da ex-namorada Mércia Nakashima, o ex-policial militar Mizael Bispo de Souza encontrou uma nova ocupação desde que foi promovido ao regime aberto, em 2023: processar desafetos. O primeiro alvo foi o deputado estadual Márcio Nakashima (PDT-SP), irmão da vítima. 

Em abril de 2024, segundo a apuração do jornal O Globo, Souza entrou com uma ação contra Nakashima por calúnia. O deputado acusou o assassino da irmã de advogar ilegalmente e manter um relacionamento com uma mulher casada.

Nakashima justificou as acusações com base em denúncias feitas por advogados. A mulher mencionada negou envolvimento amoroso e disse tratar-se de uma antiga amizade. 

Já a OAB confirmou a exclusão de Souza de seus quadros em 2023, o que o impede de exercer a advocacia. A Justiça negou o pedido para proibir o parlamentar de mencioná-lo na mídia, com base na liberdade de expressão. O ex-policial cumpre pena até 2030, segundo o Tribunal de Justiça.

Em maio deste ano, ele voltou aos tribunais, desta vez contra o apresentador José Luiz Datena e o Grupo Bandeirantes. Com alegação de danos morais, Souza se incomodou com uma reportagem do programa Brasil Urgente, que o chamou de “assassino” e “canalha”. 

A matéria também trouxe acusações de exercício ilegal da advocacia e ameaça, feitas por um desafeto pessoal. Souza pediu uma indenização de 40 salários mínimos, equivalente a cerca de R$ 56,48 mil. A ação ainda aguarda julgamento no Juizado Especial Cível de Guarulhos.

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Mizael Bispo: assassino ganhou direito a deixar a prisão | Foto: Reprodução/OAB

Suzane Richtofen usou estratégia semelhante

Casos semelhantes não são inéditos, segundo o O Globo. Suzane von Richthofen, condenada pelo assassinato dos pais, também acionou a Justiça contra a TV Record por ter sido filmada sem consentimento ao sair da prisão. Ela perdeu a ação, que alegava dano moral. 

O desembargador Ricardo Feitosa entendeu que, ao participar de um crime de grande repercussão, Suzane se expôs por livre arbítrio. “Não é possível que a sua imagem tenha sofrido abalo maior em virtude das imagens feitas na saída da cadeia”, escreveu.

Mizael Bispo de Souza também tentou indenizações por outras vias. Em abril, moveu ação contra a Fazenda Pública do Estado de São Paulo com pedido de R$ 14,65 mil referentes a supostas diferenças no pagamento do Adicional de Local de Exercício (ALE), entre março de 2013 e janeiro de 2014. 

O Juizado Especial da Fazenda Pública de Guarulhos rejeitou a solicitação e afirmou que os valores pagos estavam corretos.

A investida mais ousada veio em janeiro de 2025, quando processou a juíza Wânia Regina Gonçalves da Cunha, responsável pela execução de sua pena. Ele a acusou de abuso de autoridade, supressão de documentos e inserção de dados falsos no sistema da Justiça e alegou que teve 64 dias de remição de pena ignorados e foi impedido de obter saída temporária. 

A denúncia foi arquivada por falta de provas, e o Ministério Público passou a investigar Souza por denunciação caluniosa. Paralelamente, ele ainda pediu indenização por danos morais contra o Estado, mas teve o pedido negado em primeira instância. Foi posteriormente absolvido sob alegação de que sua conduta não configurava crime.

Fora dos tribunais, Mizael também busca recomeçar a vida amorosa, segundo o O Globo. Criou perfis em aplicativos como Tinder, Par Perfeito, Badoo e Happn. Usa seu nome verdadeiro, informa ter nascido em 1970 e morar em Cumbica, Guarulhos.

Mizael Bispo de Souza atirou no rosto de Mércia Nakashima e a empurrou, ainda viva, para uma represa | Foto: Reprodução/X

Assassinato de Mércia Nakashima ocorreu há 15 anos

Embora nunca tenha confessado o assassinato de Mércia Nakashima, ele foi condenado com base em provas técnicas e circunstanciais. O crime ocorreu em 23 de maio de 2010, quando Mércia desapareceu ao sair da casa dos pais, em Guarulhos. Durante os 20 dias em que esteve desaparecida, Mizael Bispo de Souza chegou a participar das buscas.

O corpo da vítima foi encontrado em 11 de junho na represa de Nazaré Paulista, dentro de seu carro submerso. Ela havia levado um tiro no rosto e, segundo a polícia, foi empurrada ainda viva para dentro da água, onde morreu afogada. 

Fragmentos de alga encontrados no sapato de Souza coincidiram com a flora do local, o que reforçou a acusação de que ele matou por ciúmes e vingança. Foragido depois da decretação da prisão preventiva, ele foi capturado quatro meses depois e julgado em 2013, em um júri amplamente divulgado pela mídia.



Via Revista Oeste

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