quarta-feira, janeiro 22, 2025
InícioViagem & GastronomiaAspen ostenta mais que luxo ao unir alma artística e charme do...

Aspen ostenta mais que luxo ao unir alma artística e charme do Velho-Oeste

Cravada no meio da cordilheira das Montanhas Rochosas, Aspen, no Colorado, já foi uma cidade mineira de sucesso. Por volta de 1890, mais de 12 mil pessoas a chamavam de lar, até que o mercado de prata colapsou e a cidade quase virou fantasma.

Mas a partir do fim dos anos 1930, o turismo deu uma sobrevida ao local e hoje, com apenas 7 mil habitantes, Aspen é o destino de esqui mais luxuoso – e interessante – dos Estados Unidos.

Entre dezembro e janeiro, celebridades como Mariah Carey, Rihanna e o clã Kardashian-Jenner, isso sem nomear influenciadores com milhões de seguidores, elegem as temperaturas negativas de Aspen para as férias de inverno e abrem seus álbuns de fotos em meio à neve fofa.

Não é de se espantar que luxo não falte, seja com lojas de grifes, hotéis cinco estrelas e eventos de alto perfil, como o Campeonato Mundial de Polo na neve, regado a taças de champagne, ou o tradicional X Games, competição em que atletas voam pelas rampas enquanto viajantes curtem uma agenda de shows de DJs.

Ultimamente, bilionários também impulsionam o destino. O metro quadrado é um dos mais caros do país, com um mercado imobiliário aquecido, em que casas saem em média por US$ 20 milhões (mais de R$ 120 milhões). Há até um bairro apelidado de “montanha dos bilionários”, a Red Mountain, onde Jeff Bezos e a família Walton, dona do Walmart, mantém mansões.

Charme do Velho-Oeste e espírito natalino

Apesar deste perfil, nem tudo em Aspen é sobre opulência. É justamente a diversidade de programas e a atmosfera de cidade pequena que embalam a magia do local. As atividades vão além do esqui e há muito o que fazer de graça.

A começar, ônibus gratuitos levam visitantes de uma montanha a outra. São quatro que formam o complexo, uma separada da outra: Aspen Mountain, Snowmass, Aspen Highlands e Buttermilk, todas esquiáveis mediante um único passe. As duas primeiras, além de estações, concentram hotéis, restaurantes e comércios, com vilarejos aos seus pés.

Especificamente em Aspen, andar pelas ruas do centrinho é se deparar com cenários que parecem ter saído de filmes natalinos da TV a cabo, com predinhos de tijolo marrom e casas de madeira branca.

O cair da neve deixa tudo mais inspirador, momento ótimo para entrar em uma livraria pitoresca, como a Explore Booksellers, e para comprar presentinhos de artesãos locais na Aspen Emporium, ambas na Main Street. Grandes lojas de departamento ou redes de fast food não existem por aqui, abrindo brecha para negócios locais e tradicionais.

Exemplo disso é a Kemo Sabe, que surpreende os olhos com fileiras de botas e chapéus no estilo western, além de animais empalhados nas paredes. É a prova de que o charme do Velho-Oeste sobrevive também por meio da moda, que sai das vitrines e segue pelas ruas.

Pode-se ainda garimpar roupas em brechós, como os tradicionais Susie’s e The Little Bird, onde artigos de etiquetas famosas podem ser levados por uma pechincha.

Além do comércio, Aspen é um ímã para a arte. Galerias se enfileiram pelo centro e não dá para perder o Aspen Art Museum, que foca em exposições de arte contemporânea com entrada gratuita – a própria construção é uma joia com fachada transparente e rooftop que garante vistas diretas à Ajax, como os mais íntimos chamam a Aspen Mountain.

“Há muito para todo mundo e depende do que você quer. Alguns querem muito luxo, toques refinados e ótima comida. Outros procuram cozinhar para eles mesmos e ficar em condomínios, por exemplo. E Snowmass e Aspen têm tudo isso, para cada gosto”, diz Geoff Buchheister, CEO de Aspen Snowmass.

E por falar em “todo mundo”, os brasileiros se destacam, já que estamos entre os três maiores mercados internacionais do destino.

Brasileiros em Aspen

Os brasileiros vêm para cá principalmente em janeiro e também durante o Carnaval. Somos focados na qualidade e os brasileiros apreciam isso. Eles se sentem acolhidos, valorizados e acham o que procuram


Geoff Buchheister, CEO de Aspen Snowmass

A temporada em Aspen, no geral, dura três meses sólidos, indo do Natal ao Spring Break. As festividades de fim de ano marcam o pico da alta temporada, quando reservas em restaurantes, acomodações e passes para as montanhas devem ser feitas com antecedência.

Para uma atmosfera mais sossegada, uma das melhores épocas para visitar Aspen ocorre duas semanas antes do Natal, quando a neve é garantida, não há multidões e as ruas guardam a sensação de cidade do interior.

Para chegar até aqui, brasileiros têm a opção de escolher o serviço da Delta Air Lines com conexão em Atlanta, que possui o aeroporto mais movimentado do mundo. Uma dica de que o inverno está a todo vapor é que a companhia ampliou em cerca de 10% a capacidade de assentos para a temporada de esqui nos Estados Unidos em comparação com o período anterior.

De Guarulhos são dois voos diários, um diurno e outro noturno; do Rio de Janeiro há voos todos os dias até 31 de março. Já de Atlanta ao singelo Aeroporto do Condado de Aspen/Pitkin, a companhia aumentou a frequência para dois voos diários na temporada.

Se deseja chegar mais descansado aos Estados Unidos, aposte na Delta Premium Select, categoria intermediária entre a executiva e a econômica com mais espaço para as pernas, kit de amenities e refeições com entrada, principal e sobremesa – tudo em copos de vidro, louça e talheres de verdade, nada de plástico ou madeira.

E cada vez mais o número de brasileiros cresce em Aspen, como relata Isabel Clark, quatro vezes competidora nas Olimpíadas de Inverno pelo Brasil e instrutora de esqui e snowboard há quatro temporadas nas montanhas da área.

Metade de seus alunos são esquiadores de primeira viagem, já o restante chega com certa bagagem. Mas uma coisa é certa: muitos deles voltam por conta das paisagens e pela qualidade das pistas.

No complexo, as aulas particulares aceitam até cinco pessoas e partem de US$ 1083 (cerca de R$ 6.545) na baixa temporada, podendo chegar a US$ 1300 (R$ 7.856) na alta temporada. Elas têm duração de seis horas, das 9h às 15h, com intervalo para almoço. Há ainda aulas em grupos, com preços mais camaradas.

E qual montanha os turistas devem optar para deslizar na neve? A unanimidade é Snowmass. “É a mais completa das quatro, além da maior, atendendo todos os níveis. Aspen e Highlands não possuem pista verde, então não são recomendadas para iniciantes. Já Buttermilk também é familiar, com experiência agradável a iniciantes”, sugere Isabel.

Snowmass: boas pistas e vilarejo simpático

Maior que as três outras montanhas juntas, Snowmass exala uma atmosfera familiar e é ideal para todos os tipos de esquiadores, com destaque para os iniciantes. A dica é hospedar-se no vilarejo se o esqui estiver no centro dos planos, deixando o agito artístico e cultural para Aspen, que fica a menos de 30 minutos por meio do transporte público.

Pequeno e simpático, o vilarejo reúne hotéis, condomínios de apartamentos e restaurantes. Com o passe e o esqui em mãos, o cenário lá em cima é de impressionar, já que as encostas brilham os olhos e os flocos de neve deixam tudo mais especial.

Para o aluguel de equipamentos, uma opção diferenciada é a Aspen Collection, boutique onde os atendentes te recebem com bebidas quentes – ou borbulhas – e dão um suporte mais próximo aos clientes, entendendo suas necessidades. Bota, capacete, esqui e bastões saem, em média, por US$ 150 por dia (cerca de R$ 900).

Logo em frente à loja fica a base de Snowmass, onde há uma gôndola gratuita que leva turistas até uma área de compras, o Snowmass Village Mall. A dica é aproveitar a carona para subir até uma parte da pista e descer de volta para a base com ajuda dos esquis, sem necessidade do passe.

É em frente da área do shopping, inclusive, que fica o Coney Express, novíssimo ponto de acesso à montanha que tem desafogado o movimento em dias de pico – esse sim com acesso por meio do passe.

E todos os dias durante a temporada, a partir das 15h30, procure pelos carrinhos de S’mores na base da vila ou no shopping, compondo mais uma das ofertas gratuitas do complexo.

  • Onde ficar em Snowmass: Limelight Snowmass. É um dos principais hotéis do vilarejo, com 99 quartos amplos, alguns com sacada para a montanha, e lareiras acolhedoras. Depois do esqui, é uma boa pedida se aventurar na banheira de imersão quentíssima na área externa enquanto os flocos de neve caem.
  • Onde comer em Snowmass: Kenichi, asiático contemporâneo com seleção de sushis e sashimis, mas o imperdível é o black cod no missô; e o Aurum, de pegada casual contemporânea com itens para compartilhar, como frango frito bem apimentado, hummus de edamame e couve-flor crocante ao curry.

Aspen: agito e arte

Aspen fica aos pés da Aspen Mountain, a montanha old school que deu pontapé aos esportes de neve na região. Mais desafiadora que Snowmass, ela é mais íngreme, com encostas de nível intermediário e difícil.

Mesmo que a intenção seja não esquiar, vale subir na gôndola e apreciar vistas privilegiadas lá de cima. De tarde, na base da montanha, caia na algazarra do Ajax Tavern, que costuma ter um après-ski bastante comentado e serve um cardápio típico de estâncias de inverno, com fritas trufadas, sopa de cebola gratinada e tartare de atum.

Caminhar pelas ruas do centro sem rumo específico também já é um bom programa. Mas a arte pode falar mais alto e, além das galerias e do Aspen Art Museum, vale a pena uma escapada até o Aspen Meadows Resort, na área de West End. O resort é um contraponto interessante na cidade, com prédios de arquitetura Bauhaus projetados pelo artista austríaco Herbert Bayer nos anos 1950.

A ideia é tomar um café da manhã no restaurante do resort, o West End Social, e sair andando pelo campus, uma obra-prima moderna e idílica que, além do hotel, é lar para o Aspen Institute, organização sem fins lucrativos fundada em 1949 para que líderes encontrassem diálogos acerca de questões da sociedade.

A cereja do bolo é o Resnick Center for Herbert Bayer Studies, espaço de exposições que preserva o legado de Herbert Bayer por meio de obras de traços modernos e da Bauhaus. E não se preocupe: a entrada é gratuita.

“Aspen vende-se por si mesma. É uma junção de boa arte e bons restaurantes, e, obviamente, esqui e ótimas atividades ao ar livre durante o verão”, arremata Zach Lentz, corretor de imóveis que há 30 anos vive nas redondezas.

  • Onde ficar em Aspen: The Little Nell, único hotel ski in/ski out de Aspen. Cinco estrelas, a propriedade fica na base da montanha e oferece diferentes propostas gastronômicas, incluindo o restaurante de alta gastronomia Element 47, o casual Ajax Tavern e uma adega com mais de 20 mil rótulos. Parte do leque Relais & Châteaux, são 92 acomodações com pitadas de muito luxo.
  • Onde comer em Aspen: Cache Cache, queridinho da cidade com técnicas francesas, cortes suculentos e carta de vinhos extensa; Matsuhisa, casa japonesa do mesmo chef por trás da rede Nobu e concorrido entre celebridades; Clark’s Oyster Bar, com desconto nos martinis e ostras no happy hour e mesas disputadas após às 18h com atmosfera descontraída.

*O jornalista viajou a convite de Aspen Snowmass e Delta Air Lines

Nova York: Veja cenários de filmes e séries para colocar no roteiro

Via CNN

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui