Uma árvore de Natal foi incendiada na noite da última segunda-feira, 23, numa pequena aldeia perto da cidade de Hama, no noroeste da Síria, desencadeando manifestações espontâneas na comunidade cristã do país.
Durante a noite também foram destruídas as cruzes do cemitério cristão de Hama, e um grupo terrorista disparou com metralhadoras dentro da catedral ortodoxa grega.
Na capita da Síria, Damasco, tumultos foram registrados no bairro cristão de Bab Tuma, na cidade velha.
Após a queda do regime de Bashar Al Assad, no dia 8 de dezembro, as minorias religiosas não-sunitas têm medo.
Assad, membro da minoria alauita, uma vertente do xiismo, era também apoiado pelos cristãos e por outras minorias religiosas, coalizadas contra a maioria sunita da Síria, que agora tomou o poder.
A maior preocupação é sobre qual tipo de estado se tornará a Síria. O grupo Hayat Tahrir al-Sham, principal formação militante que derrubou Assad, é composto por ex-membros da Al Quaeda e do Estado Islâmico.
Novo governo da Síria promete punições
Segundo as primeiras informações divulgadas pelas autoridades locais, os ataques em Hama teriam sido cometidos por jihadistas estrangeiros.
O novo líder de Damasco, Abu Mohammad al Jolani, já prometeu que os responsáveis serão punidos.
“Queremos um governo aberto e inclusivo para todas as comunidades. A nova Síria do futuro não terá nada a ver com o Afeganistão dos talibãs”, continua repetindo às delegações estrangeiras com as quais se reúne em Damasco.
O medo dos cristãos sírios é que o país possa se transformar em um califado fundamentalista como o Afeganistão.
Cristãos da Síria estão deixando o país
Antes de 2011, quando começaram as revoltas conhecidas como “Primavera Árabe” os cristãos da Síria representavam cerca de 10% da população. Em 2024 caíram para 2%.
Só em Aleppo haviam 150 mil cristãos antes de 2011, hoje são menos de 30 mil.
Um colapso demográfico que pode ser explicado pela falta de confiança entre os membros de uma das comunidades cristãs mais antigas do Oriente Médio sobre o futuro da Síria.