O governo da Argentina emitiu um comunicado nesta quarta-feira, 18, no qual repudia a decisão do Ministério Público da Venezuela de emitir pedido de mandado de prisão contra o presidente Javier Milei. A ação está relacionada ao caso do avião venezuelano-iraniano retido em Buenos Aires em 2022 e enviado aos Estados Unidos em fevereiro deste ano.
“A República Argentina repudia as ordens de prisão emitidas pelo procurador-Geral da República Bolivariana da Venezuela, Tarek William Saab, contra o presidente da Nação, Javier Milei, a secretária-geral da Presidência, Karina Milei, e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, como resultado do incidente envolvendo o avião da empresa Emtrasur”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores argentino.
De acordo com o governo Milei, “o caso foi resolvido pelo Poder Judiciário, um poder independente sobre o qual o Executivo não pode e não deve interferir de forma alguma, em aplicação de um acordo internacional”.
“O governo argentino lembra ao regime venezuelano que na República Argentina prevalece a divisão de poderes e a independência dos juízes, algo que infelizmente não ocorre na Venezuela, onde são controlados por Nicolás Maduro”, acrescenta o comunicado.
Ações do procurador-geral da Venezuela pela prisão de Javier Milei
Em declarações transmitidas na quarta-feira 18, pelo canal estatal VTV, Tarek William Saab, anunciou que dois promotores “estão tramitando o mandado de prisão” contra Milei, sua irmã Karina e Bullrich.
Ele alegou que, no caso do avião, que foi “totalmente desmontado” nos Estados Unidos, Milei cometeu os seguintes crimes: roubo agravado, lavagem de dinheiro, privação ilegítima de liberdade, simulação de ato punível, interferência ilegal, inutilização da aeronave e associação criminosa, de acordo com a legislação venezuelana.
Acusações de violações de direitos humanos
Saab também anunciou a nomeação de um “promotor especialista na proteção dos direitos humanos para realizar as investigações correspondentes” contra Milei e Bullrich pelas “ações cometidas contra o povo argentino”. Ele afirmou que “poderíamos estar diante de graves violações dos direitos humanos”.
O procurador, que chamou Milei de “fascista” e “neonazista”, disse que na Argentina há um “programa premeditado de violência institucional” contra sua população. Também chamou o presidente argentino de “o mais feroz violador dos direitos humanos do continente” e “um perigo brutal para todo o hemisfério”.
Argentina também pede prisão do ditador Nicolás Maduro
Este mês, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que emita um mandado de prisão para o ditador Nicolás Maduro e “outros líderes do regime”. A solicitação foi motivada pela perseguição, prisão e morte de opositores no país depois das eleições presidenciais de julho.