sexta-feira, setembro 20, 2024
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Apreensões de cocaína despencam no Porto de Santos em 2023 e 2024

A quantidade de cocaína apreendida no Porto de Santos pela Receita Federal, órgão do governo federal, despencou nos últimos anos. Foram 7,1 toneladas interceptadas no ano passado, menos da metade do que em 2022 (16 toneladas).

Em razão da queda brusca, autoridades buscam implantar medidas para descobrir outras possíveis rotas do crime organizado para mandar a droga para fora do país, informou nesta sexta-feira, 12, o jornal O Estado de S. Paulo.

Veja os dados das apreensões nos últimos anos

  • 2024: 1.623 kg (até julho)
  • 2023: 7.143 kg
  • 2022: 16.075 kg
  • 2021: 16.917 kg
  • 2020: 20.572 kg

Um relatório de 2022 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime revelou que organizações criminosas no Brasil passaram a utilizar portos menores no Nordeste e no Sul do país para diversificar suas rotas de escoamento de cargas ilegais. O documento destaca que essa tendência se intensificou durante a pandemia, embora não mencione quais terminais específicos estão sendo usados.

O Porto de Salvador, por exemplo, é visto como uma alternativa aos terminais de Santos e do Rio de Janeiro, que são alvos frequentes de operações policiais contra o tráfico internacional. Uma das razões, conforme relatado pelo Estadão, é o avanço da facção Bonde do Maluco (BDM) na Bahia.

Mudanças na fiscalização no Porto de Santos para apreender cocaína

Em razão da possível diversificação da rota do tráfico pelo crime organizado, a Alfândega da Receita Federal no Porto de Santos vai escanear contêineres embarcados em navios com passagem ou destino a Rússia, Israel e outros oito países.

Veja a lista de países cuja carga é escaneada:

  • Austrália;
  • Indonésia;
  • Hong Kong;
  • Turquia;
  • Rússia;
  • Geórgia;
  • Síria;
  • Líbano;
  • Israel;
  • Arábia Saudita.

Apesar dessa mudança de rota, o Porto de Santos, o maior do Hemisfério Sul, continua sendo a principal rota de saída da cocaína comprada de países vizinhos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil.

A Europa permanece como o principal destino da droga que sai do Brasil, embora nem sempre seja o destino final das embarcações. Uma tática comum é enviar as cargas para o continente africano e, a partir de lá, redistribuí-las para outros locais.

Devido a essa dinâmica, o escaneamento obrigatório começou a ser implementado no Porto de Santos no início de 2016, inicialmente focado em contêineres destinados à Europa. Em 2019, a medida foi ampliada para incluir a África e continua em vigor para todos os navios com destino a esses continentes.

Crime organizado muda rotas, dizem especialistas

Especialistas afirmam que o crime organizado muda suas rotas com frequência. Gabriel Patriarca, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, afirma que os testes relacionados à inspeção não invasiva por meio de escaneamento “não eram comuns” até a portaria do começo deste ano. “É uma tendência recente”, disse.

Isabela Vianna Pinho, pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), pondera que a portaria para inclusão de ainda mais países não necessariamente mostra que há uma preocupação da Alfândega de que novas rotas estão surgindo com destinos finais para Ásia e Oceania.

“É uma tendência de cada vez mais escanear todos os contêineres que vão ser exportados”, afirmou ao Estadão. Segundo ela, trata-se de um processo gradual, até por demandar um tempo para que as dezenas de terminais do porto se adaptem a formas mais tecnológicas de fiscalização.

Via Revista Oeste

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