A Apple está preparada para gastar bilhões para alcançar os líderes em tecnologia de IA generativa, de acordo com Mark Gurman, observador da Bloomberg Apple.
Em seu boletim informativo Power On de domingo, Gurman escreveu que três executivos da Apple – John Giannandrea, Craig Federighi e Eddy Cue – estão liderando o impulso generativo de IA da empresa e estão a caminho de gastar US$ 1 bilhão por ano na iniciativa.
Ele observou que Giannandrea está supervisionando o desenvolvimento de um novo sistema de IA, incluindo uma versão mais inteligente do assistente digital da Apple, Siri.
O grupo de Federighi, continuou Gurman, está trabalhando para adicionar IA ao sistema operacional móvel da Apple, iOS, preenchendo-o com recursos executados no modelo de linguagem grande (LLM) da empresa.
Enquanto isso, o grupo de Cue tentará adicionar IA ao maior número possível de aplicativos da Apple, acrescentou Gurman, incluindo Apple Music, Pages e Keynote.
Ele também revelou que os executivos da Apple foram pegos de surpresa pela febre da IA que assola a indústria e têm lutado desde o final do ano passado em um esforço para acompanhar os pioneiros na tecnologia.
Jogando o jogo longo
A Apple está menos preocupada do que outros com a vantagem do pioneiro, afirmou Anshel Sag, analista sênior da Moor Insights e estratégiauma empresa de consultoria e análise de tecnologia com sede em Austin, Texas.
“Ainda há muito a ser feito no espaço da IA, tanto em hardware quanto em software, e não acho que a Apple acredite que precise se apressar para se atualizar”, disse ele ao TechNewsWorld.
“Dito isto”, continuou ele, “também não pode ficar muito para trás, e se você olhar para o investimento contínuo da Apple em silício em computação de IA no iPhone, fica bastante claro que a Apple não está deixando os Microsofts e os Googles do mundo obterem muito à frente.”
O foco da Apple na privacidade e segurança também pode ter feito com que seus avanços em IA demorassem mais do que o Google e a Microsoft, acrescentou.
“A IA generativa não é algo que você esperaria que eles estivessem na frente, dado seu foco em hardware e outras coisas, afirmou David Smith, vice-presidente e analista da Gartneruma empresa de pesquisa e consultoria com sede em Stamford, Connecticut.
“Eles têm usado bastante a IA. Eles simplesmente não têm nada como o ChatGPT para lançar. Então, espero que eles tentem ter mais”, disse ele ao TechNewsWorld.
Ele observou que mil milhões de dólares por ano em I&D pode ser um grande gasto para algumas empresas, mas não para a Apple. “A Apple gasta US$ 30 bilhões por ano em P&D, então um bilhão não é algo colossal em seu mundo”, disse ele.
Reconhecendo a urgência da IA
“A Apple tem investido muito em IA, mas a peça generativa foi uma surpresa para eles”, observou Gene Munster, cofundador da Loup Venturesuma empresa de capital de risco em Minneapolis.
“Eles têm uma grande oportunidade em torno da IA generativa”, disse ele ao TechNewsWorld. “Acho que eles vão descobrir.”
No entanto, acrescentou: “Há urgência. Eles têm que se mover mais rápido.”
“Eles estão falando de um investimento de bilhões de dólares”, disse ele. “Com este tipo de oportunidade, deverá ser um investimento de três a cinco mil milhões por ano.”
Embora a Apple ainda não tenha embarcado no trem-bala generativo da IA, não é estranha à tecnologia de inteligência artificial.
- Em 2018, adquiriu uma startup de IA com sede em Seattle chamada Xnor.ai, especializada em algoritmos de IA eficientes executados em dispositivos de ponta, como o iPhone.
- Em 2019, a Apple adquiriu a maior parte do negócio de modems para smartphones da Intel, o que lhe proporcionou uma equipe de engenheiros com experiência em chips de IA sem fio.
- Em 2020, a Apple anunciou o chip A14, que contém um mecanismo neural para tarefas aceleradas de aprendizado de máquina, e cada nova geração de seus chips da série A expandiu os recursos de IA.
- Em 2022, a Apple lançou o Core ML 4, que simplifica a implantação de modelos de aprendizado de máquina em dispositivos Apple, além de anunciar planos de transição de Macs para chips de IA desenvolvidos internamente.
Fechando a lacuna com os líderes
“A Apple integrou IA em todos os seus produtos durante décadas”, observou Tim Bajarin, presidente da Estratégias Criativasuma empresa de consultoria tecnológica em San Jose, Califórnia.
“Vi a primeira demonstração de IA deles em 1987, quando introduziram o conceito Knowledge Navigator. E a IA é usada no Siri e nos mapas hoje”, disse ele ao TechNewsWorld.
“O que eles não introduziram foi um aplicativo dedicado como o ChatGPT”, disse ele. “Em vez disso, eles optam por tornar a tecnologia de IA uma parte de tudo o que fazem em software.”
“Dado seu profundo histórico de uso de IA, acho que um aplicativo voltado ao público como o ChatGPT poderia ser criado em um futuro próximo”, observou ele. “Mas dado o acordo com o Google para buscas e a quantidade de dinheiro que eles ganham com isso, não tenho certeza se eles querem criar seu próprio mecanismo de busca.”
Sag, porém, acredita que o jogo de recuperação será determinado pelo modelo de IA generativo que a Apple adotar – código aberto ou proprietário.
“Acredito que a Apple provavelmente seguirá uma arquitetura de software interna porque sabe que o resto da indústria aderirá a tudo o que a Apple fizer, e focar no desempenho e na duração da bateria será fundamental para a Apple, já que ela desejará que a maioria das coisas funcione. no dispositivo por razões de custo, privacidade e segurança”, disse ele.
Fazendo certo
Em seu boletim informativo, Gurman escreveu que há muito em jogo para a Apple acertar a IA generativa.
“Eles não precisam ser perfeitos desde o início em todas as áreas”, afirmou Greg Sterling, cofundador da Perto da mídiaum site de notícias, comentários e análises.
“Eles podem implementar funcionalidades mais limitadas e depois expandir a partir daí”, disse ele ao TechNewsWorld. “Mas eles enfrentarão grandes expectativas, escrutínio e comparações competitivas.”
“O Apple Maps é um conto de advertência”, acrescentou. “O produto não estava pronto quando foi lançado e levou basicamente uma década para se recuperar.”
Rob Enderle, presidente e analista principal da Grupo Enderleuma empresa de serviços de consultoria em Bend, Oregon, observou que acertar na IA generativa será importante para a Apple, mas não crítico.
“Ainda estamos na fase inicial desta onda tecnológica, então eles têm tempo para algumas tentativas e erros”, disse ele ao TechNewsWorld.
“Eles não precisam fazer isso logo de cara”, acrescentou Munster. “Eles têm que acertar nos próximos três a cinco anos.”