O Irã está sinalizando que busca o fim das hostilidades com Israel e a retomada das negociações sobre seu programa nuclear. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 16, pelo jornal americano Wall Street Journal.

A tentativa iraniana está ocorrendo através do envio de mensagens a Israel e aos EUA por meio de intermediários árabes.
A proposta seria voltar a negociar desde que os EUA não se juntem ao ataque iniciado por Israel há três dias.
O Irã também teria enviado mensagens a Israel afirmando que é do interesse de ambos os lados manter a violência contida.
Todavia, segundo o WSJ, com os aviões de guerra israelenses podendo voar livremente sobre a capital iraniana e os contra-ataques do governo dos aiatolás causando danos mínimos ao estado judeu, os líderes israelenses têm pouco incentivo para interromper os ataques antes de destruir definitivamente as instalações nucleares do Irã e enfraquecer ainda mais o poder do governo teocrático local.
Uma pausa nos ataques poderia dar ao Irã margem de manobra para se reorganizar e aumentar a pressão internacional contra a ação israelense.
Também seria uma vitória para Teerã impedir que os EUA utilizassem suas capacidades militares de destruição de bunkers e ataquem outras instalações iranianas.
Israel eliminou boa parte da liderança militar do Irã
Ataques israelenses já eliminaram líderes militares iranianos importantes, incluindo grande parte do alto escalão da força aérea iraniana.
O Líder Supremo, o aiatolá Ali Khamenei, estaria cada vez mais isolado, e há temores sobre sua própria incolumidade.
Entretanto, o impacto nas instalações nucleares iranianas, até o momento, teria sido modesto. Por isso, analistas informaram que poderia ser necessária uma longa guerra aérea para obter os resultados desejados por Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os ataques continuarão até que o programa nuclear e os mísseis balísticos do Irã sejam destruídos, e não demonstrou nenhuma indicação de que esteja pronto para interromper o ataque.
Ele também afirmou que a mudança de regime no Irã não é um dos objetivos de Israel, mas pode ser um resultado, dada a fragilidade da liderança iraniana.
Autoridades israelenses afirmaram que os militares prepararam pelo menos duas semanas de ataques.
No sábado, o presidente francês Emmanuel Macron disse ao seu homólogo iraniano para “retornar rapidamente à mesa de negociações para chegar a um acordo”, e líderes árabes pediram o fim dos combates.
O presidente Trump resistiu a uma campanha militar durante grande parte do ano, mas desde então tem aplaudido os ataques de Israel.
Irã vai querer negociar de verdade?
Mesmo com essa mensagem de abertura, não há evidências de que o Irã esteja pronto para fazer novas concessões nas negociações nucleares, disseram os intermediários árabes.
O esforço diplomático liderado pelo governo Trump foi paralisado pela recusa do Irã em interromper o enriquecimento de urânio antes que as negociações fossem interrompidas pelos ataques israelenses na semana passada.
Antes do começo das operações militares, um alto funcionário israelense afirmou que o fim do enriquecimento de urânio era o mínimo que Israel poderia aceitar do Irã.
Israel e os países do Golfo também estão preocupados com o apoio do Irã às milícias regionais e ao seu programa de mísseis balísticos, que teoricamente poderia voltar à discussão se o Irã fosse encurralado o suficiente.
Teerã parece estar apostando que Israel não pode se dar ao luxo de ficar preso em uma guerra de atrito e que, eventualmente, terá que buscar uma solução diplomática.
Autoridades iranianas disseram acreditar que Israel não tem uma estratégia de saída clara e que precisaria da ajuda dos EUA para causar danos significativos a alvos como a instalação de enriquecimento de urânio de Fordow, que está enterrada sob uma montanha.