O ex-técnico do Athletico-PR, Cuca rebateu o presidente do clube, Mario Celso Petraglia. Em comunicado enviado por meio da assessoria de imprensa, o treinador disse que tentou proteger o grupo de jogadores.
“Quando entramos na roda de oração pós-jogo, com todos desolados, não era hora de se buscar culpados. Tentaram! Me senti obrigado a assumir toda a responsabilidade e colocar meu cargo à disposição, como forma de resguardar o grupo”, disse em comunicado.
A nota (leia na íntegra no final do texto) foi divulgada poucas horas depois de Petraglia detonar Cuca. O presidente teceu duras críticas ao treinador. Petraglia se referiu a uma bronca que o treinador deu no elenco após mais um empate sofrido nos acréscimos.
Cuca afirmou nunca ter feito demandas de maneira pública. O treinador agradeceu a oportunidade em poder comandar o time do coração.
O técnico ainda expressou tristeza por abandonar o projeto em andamento. No entanto, ressaltou esperar mais opções no elenco.
“Conheci uma estrutura única mas contava com uma construção de grupo com ainda mais alternativas. Agradeço mais uma vez a oportunidade de poder comandar meu time do coração. Estou muito triste, mas não poderia ter tomado qualquer decisão diferente naquele momento”, pontuou.
O dirigente se referiu a uma bronca que o treinador deu no elenco após mais um empate sofrido nos acréscimos. Nesse domingo (24), pelo terceiro jogo seguido, o Athletico-PR sofreu um gol nos acréscimos e deixou de sair vitorioso no Brasileirão.
A sequência negativa revoltou os torcedores rubro-negros, o que deixou o técnico Cuca indignado na coletiva.
“Já definido perante os atletas que não ficaria e para nossa Diretoria foi para a entrevista coletiva se justificar e transferir a a responsabilidade para a terceiros! Falou em números da folha de pagamento do clube sem nenhuma melhor informação! Não sabemos de onde tirou esses números! Lamentável que um homem que se diz torcedor do Furacão, com 61 anos, tendo treinado grandes clubes não tenha o controle suficiente para esfriar a cabeça e não ter o “piti” como se comportou ontem!”, desabafou Petraglia.
Cuca não gostou do fato da torcida ter atribuído os gols sofridos às escolhas do técnico. Em entrevista após o empate por 1 a 1, em Curitiba, o comandante deixou o cargo à disposição da diretoria. O treinador afirmou que teria uma conversa com o diretor de futebol André Mazzucco sobre a permanência no clube.
“Tenho tentado renovar, mas não consigo. Eu falei aqui, lá no começo, que precisávamos fortalecer. E não vou falar em cima das derrotas. Tem momento em que você também não vai pegar e dar soco em ponta de faca. É ter um jogo aberto com o Mazzucco. De repente, a saída do treinador é melhor. Cria um ânimo novo. Para de tomar gol em cima da hora”, disse.
Em seu desabafo no Facebook, Petraglia cita ainda a tumultuada saída do Cuca do Corinthians, em abril de 2023. O executivo rubro-negro citou ter sido usado.
“Prometo que não seremos doravante mais usados e abusados pelo mau caráter de pessoas que pela nossa resiliência aceitamos ajudá-las! Foi o que ocorreu com o Cuca, o qual nos usou e depois nos traiu! Jamais esperava um comportamento descontrolado que teve nos vestiários após o empate com o SCCP!”, disse em parte da nota.
Cuca deixou o Corinthians em 27 de abril de 2023, após vitória por 2 a 0 sobre o Remo, na terceira fase da Copa do Brasil.
O treinador de 59 anos deixou o Timão após apenas duas partidas, com uma derrota e uma vitória. O motivo da demissão precoce foi a forte pressão dos torcedores sobre a diretoria, fruto da condenação de Cuca por estupro a uma jovem de 13 anos em 1987, na Suíça.
À época, a rejeição ganhou força, com declaração de Will Egloff, advogado da vítima do caso em questão. Ao UOL, ele afirmou que Cuca foi reconhecido como um dos autores do estupro coletivo.
Ao anunciar que estava deixando o clube paulista, Cuca disse que já tinha tomado a decisão de sair na véspera da partida contra o Remo. Ele foi incentivado a deixar o cargo pela família, que também tem sofrido pressões.
Vestiário é sagrado!
Em décadas de futebol, aprendi que uma das funções de um comandante é proteger seu grupo de jogadores. Quando a temperatura está quente, meu papel é baixá-la.
Ontem precisei interferir nesse sentido. Jogadores arrasados que precisavam de acolhimento e não de mais cobranças e julgamentos.
Quando entramos na roda de oração pós-jogo, com todos desolados, não era hora de se buscar culpados. Tentaram!
Me senti obrigado a assumir toda a responsabilidade e colocar meu cargo à disposição, como forma de resguardar o grupo.
Fui convidado para um projeto grandioso no ano do centenário do Clube, e não gostaria de ter deixado o trabalho antes de concluído. O projeto sempre foi desenhado através de reuniões internas onde a comissão técnica pleiteou um grupo maior de jogadores, visto o tamanho da responsabilidade que tínhamos.
Nenhuma demanda foi feita publicamente, apenas dentro do escopo dessas reuniões, onde sempre entendi as limitações orçamentárias do clube e por isso levei opções diversas.
Antes de assumir o Athletico eu recebi outras propostas de trabalho. Inclusive, meses antes, do próprio Clube. Eu serei sempre grato pela receptividade e apoio do torcedor. A relação até a oração de ontem era mutuamente equilibrada e respeitosa. Quando aceitei o convite, o fiz honrado e com um sonho de grandes conquistas. Conheci uma estrutura única mas contava com uma construção de grupo com ainda mais alternativas.
Agradeço mais uma vez a oportunidade de poder comandar meu time do coração. Estou muito triste, mas não poderia ter tomado qualquer decisão diferente naquele momento.
Obrigado, torcedor, pela paciência e voto de confiança.
Obrigado aos jogadores que me acolheram sempre muito bem, e com quem sempre tive ótima relação.
Agradeço aos funcionários do clube por tanta gentileza comigo em com minha comissão.
Desejo sorte e vitórias ao furacão!
Como dizem os sábios: o tempo é o senhor da razão!