A Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) criou uma comissão interna para apurar supostos desvios de conduta do general Mauro Lourena Cid durante o tempo em que ele comandou o escritório da agência em Miami, nos Estados Unidos, no governo Jair Bolsonaro.
Reportagem do site UOL, publicada nesta terça-feira (2), mostra que o general visitou, em dezembro de 2022, o acampamento golpista montado em frente ao quartel-general do do Exército, em Brasília. Em uma das imagens, o general aparece ao lado de um funcionário da Apex. A suspeita é que a viagem tenha sido custeada pela agência.
Ainda segundo a reportagem, um ex-funcionário da Apex em Miami relatou que o general usou a estrutura da agência para tratar da suposta tentativa de golpe. Ele ainda teria voltado ao escritório de Miami após deixar o cargo para apagar informações do celular corporativo e de computadores da Apex.
Colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), general Lourena Cid é pai do tenente-coronel Mauro César Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente e assinou um acordo de colaboração premiada em setembro de 2023 após ter passado 129 dias preso.
Cid, o filho, voltou a ser preso no dia 22 de março após virem à tona áudios em que ele critica a Polícia Federal (PF) e o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre da tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF).
Já o general Lourena Cid é investigado no inquérito que apura a venda ilegal de joias sauditas recebida pelo então presidente Jair Bolsonaro. O militar prestou depoimento de duas horas e meia no inquérito na semana passada.
A Apex, em nota nesta terça-feira (2), informou que atual o presidente da agência, Jorge Viana, tomou conhecimento dos possíveis desvios de conduta na gestão do general Cid no mês passado, quando estava em viagem aos Estados Unidos entre os dias 12 e 13 de março.
Ao retornar a Brasília, Viana “reuniu a diretoria executiva, que decidiu determinar rigorosa apuração interna sobre as informações”, informou a agência.
A reunião teria ocorrido no dia 28 de março. E a comissão interna está sendo montada nesta semana. A previsão é que a apuração sobre a conduta de general Lourena Cid dure 60 dias.
“A Apex Brasil aguarda o resultado desse procedimento para tomar as providências que se fizerem necessárias. Da mesma forma, espera também as conclusões das investigações em curso conduzidas pela Polícia Federal”, complementa a nota da Apex.
Procurada, a defesa do general Lourena Cid não se manifestou.
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