sexta-feira, novembro 22, 2024
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Antropoceno teria começado na década de 1950, aponta estudo

Os efeitos causados pela atividade humana no nosso planeta são claros e têm se destacado principalmente com as mudanças climáticas. Mas estes impactos vão muito além disso e levaram os cientistas até mesmo a nomear uma época geológica moldada pela ação humana: o Antropoceno. Agora, um novo estudo defende que este período pode ter começado muito depois do que se pensava.

Início do Antropoceno é motivo de intensos debates

  • Definir exatamente quando o Antropoceno começou é um grande desafio.
  • Por exemplo, há cerca de 12 mil anos atrás, os humanos desenvolveram a agricultura e começaram a usar grandes pedaços de terra para esta prática.
  • Pesquisas anteriores, no entanto, apontam que as primeiras transformações da Terra induzidas pela humanidade ocorreram há 8 mil anos, com o advento das sociedades agrícolas, ou entre 6.500 a 5 mil anos atrás com o desenvolvimento do cultivo de arroz irrigado.
  • Todos esses eventos introduziram mudanças significativas no meio ambiente e mudaram o clima na Terra.
  • A grande discussão é se um momento único pode ser definido como pontapé de partida desta época geológica.
Eventos cruciais como o início da agricultura ou a Revolução Industrial são considerados para a definição de um marco inicial do Antropoceno (Imagem: Everett Collection/Shutterstock)

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Efeitos da atividade humana em escala global

Em um novo estudo, publicado na revista PNAS, um grupo de cientistas defende que o início do Antropoceno aconteceu por volta de 1952. A data foi determinada a partir da análise de registros de impactos antropogênicos em 137 locais ao redor do mundo nos últimos 7.700 anos.

Os cientistas chegaram a três candidatos potenciais. O primeiro deles é o período entre 1855 e 1890, que viu mudanças significativas associadas à Revolução Industrial, como aumento nas concentrações de chumbo, proporções de isótopos estáveis e distúrbios nos balanços de nutrientes do lago.

O segundo é entre 1909 e 1944. Durante esse período, houve mudanças significativas nas composições de pólen, aumentos nas concentrações de carbono negro (uma forma de carbono puro que é um dos principais contribuintes para as mudanças climáticas) e mudanças generalizadas de isótopos estáveis.

Finalmente, o último período é entre 1948 e 1953, quando o planeta experimentou um aumento maciço de poluentes orgânicos e o aparecimento de microplásticos. Este é também o momento em que os impactos da era nuclear aparecem no registro geológico, com a introdução do plutônio e do carbono-14 moderno a partir de detonações nucleares.

Representação artística do domínio humano sobre a Terra (Imagem: MST. Rowshonara Begum/Shutterstock)

Segundo os pesquisadores, este último candidato é o ponto em que o rápido aumento sem precedentes de impressões digitais antropogênicas em estratos geológicos ocorreu simultaneamente na Europa, América do Norte, Leste Asiático, Oceania, Antártica, Ártico e outras regiões. Isso sugere que o impacto humano no meio ambiente estava se espalhando em escala global neste momento.

As implicações para os resultados deste estudo são profundas, pois ajudam a avaliar a gravidade da nossa situação atual. Para os cientistas, nunca houve um momento em que tenha sido mais importante mudar a maneira como o público em geral vê a relação entre os humanos e o planeta. E o conceito de Antropoceno é essencial para mudar essa visão.

Via Olhar Digital

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