A China enfrenta uma mudança demográfica significativa, já que, até o fim deste ano, o número de animais de estimação nas cidades do país deve superar o de crianças com até quatro anos. Um relatório de julho da Goldman Sachs sugere esse dado.
Esta mudança tem associação ao aumento dos custos de criação de filhos e à preferência de muitos casais por pets em vez de crianças. Hansen, de 36 anos, e sua esposa Momo, de 35, exemplificam essa tendência.
Casados há sete anos, eles não têm filhos, mas cuidam de seis cães em seu apartamento, na capital Pequim. Eles referem-se aos animais como “nossos filhos”. “Eles são todos parte da nossa família”, disse Momo à CNN. “Somos uma grande família.”
À entrevista, ela usou um apelido por temer represálias das autoridades por seu estilo de vida, que vai contra os esforços do governo chinês para aumentar as taxas de natalidade.
O custos de criação de filhos
A China enfrenta um rápido envelhecimento populacional e uma força de trabalho em declínio, depois de décadas de implementação da política de filho único. Criar uma criança no país é mais caro, em termos relativos, do que na Austrália e na França. O estudo que mostrou esse dado é do do Instituto de Pesquisa de População YuWa. Mesmo com o fim dessa política em 2016 e incentivos para que os casais tenham até três filhos, muitos chineses ainda não estão convencidos a ter filhos.
O relatório da Goldman Sachs projeta que, até 2030, o número de pets nas áreas urbanas da China será quase o dobro do número de crianças pequenas. Esse aumento na posse de animais de estimação reflete uma mudança de valores entre a geração atual, que não vê mais o casamento como sinônimo de ter filhos e continuar a linhagem familiar. “Diferentes gerações valorizam as coisas de maneira diferente”, disse Hansen.
Crescimento das vendas de alimentos para pets na China
O crescimento contínuo das vendas de alimentos para animais de estimação é um dos setores de consumo que mais crescem na China. De 2017 a 2023, as vendas de alimentos para pets cresceram cerca de 16%, em uma indústria de US$ 7 bilhões. Até 2023, este valor pode saltar para US$ 12 bilhões e, no cenário mais otimista, a comida para pets poderia se tornar uma indústria de US$ 15 bilhões na China em seis anos.
Em contraste, as previsões para nascimentos são menos otimistas. O relatório projeta que o número de novos nascimentos na China diminuirá a uma taxa anual média de 4,2% entre 2022 e 2030. Tal queda será devido à diminuição no número de mulheres no grupo de 20 a 35 anos e à relutância dos jovens em ter filhos.