Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, tem realizado missões no exterior sem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre janeiro de 2023 e julho de 2024, Amorim completou 22 missões, visitando países como Venezuela e Rússia. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou os dados neste sábado, 3, com base em informações do Portal da Transparência e do Diário Oficial da União.
As viagens têm atraído a atenção do Congresso, que agora exige esclarecimentos sobre as ações do assessor. O Senado e a Câmara dos Deputados estão particularmente interessados nas viagens relacionadas a temas geopolíticos sensíveis.
As questões que mais chamam a atenção do Parlamento são a recente missão eleitoral na Venezuela e a visita à Rússia em abril. Os parlamentares veem a presença de Amorim no Congresso como uma oportunidade para debater a posição ideológica do governo brasileiro.
Amorim deverá responder a perguntas dos parlamentares em uma reunião reservada. O Congresso ainda não marcou o encontro. A expectativa é que ele explique a pauta das viagens, os temas discutidos e as posições do país. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional adiou a reunião para depois do recesso parlamentar, que terminou nesta sexta-feira, 2.
Países que Amorim visitou
Além das missões mencionadas, Amorim também participou de encontros em Cuba, África do Sul, Colômbia, Barbados, Suíça, Dinamarca, Ucrânia, Alemanha e China. Ele realizou a maioria dessas viagens de forma discreta, com poucos assessores.
De acordo com o Estadão, as reuniões abordaram temas como a guerra em Gaza, eleições na Venezuela, disputa territorial na Guiana e a dívida de Cuba com o Brasil.
Os deputados Rodrigo Valadares (SE) e David Soares (SP), ambos do União Brasil, conseguiram aprovar a presença de Amorim na Câmara. Inicialmente, os parlamentares queriam uma audiência pública, mas o Congresso transformou a reunião em reservada.
O deputado General Girão (PL-RN) defendeu a confidencialidade do encontro por causa da sensibilidade dos temas discutidos, como o envio de armamentos à guerra na Ucrânia.
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“É fundamental que o representante do governo preste contas sobre sua missão oficial”, disse a senadora Tereza Cristina (Progressistas-MS). “Garantindo que as ações tomadas em nome do Brasil estejam alinhadas com os interesses nacionais e com os princípios democráticos e de respeito à soberania dos países vizinhos.”
“Certamente entendo que o Brasil esteja com alguma pré-proposta visando o fim do conflito ou de alguma relação comercial que o Brasil vem desenvolvendo e ainda não chegou ao público e até para que entender qual seria a próxima viagem dele a Kiev”, afirmou David Soares.
“Gostaria que o ex-ministro Celso Amorim viesse, para que certas coisas fossem desmentidas por ele”, disse o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Não há nenhum problema que ele venha. É função do Executivo explicar o que faz, óbvio.”