O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou em discurso nesta quinta-feira, 9, em conferência internacional em Paris que não há justificativa para “o uso da força indiscriminada contra civis” e que “a palavra genocídio inevitavelmente vem à mente”.
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“Reitero a condenação do Brasil aos ataques terroristas contra o povo israelense e a tomada de reféns. No entanto, tais atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada contra civis. A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente”, disse.
A declaração foi feita na Conferência Humanitária Internacional pela População Civil de Gaza, realizada em Paris sob a liderança do presidente francês Emmanuel Macron. A conferência foi transmitida pelas redes sociais. Neste vídeo, a fala de Amorim está a partir de 1h48.
Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores de Lula entre 2003 e 2001, sem reconhecer o direito de autodefesa do Israel, não falou sobre o ataque-surpresa do Hamas, em 7 de outubro, quando os terroristas mataram 1,4 mil pessoas, sendo mais de mil civis, incluindo mulheres, crianças, bebês e idosos, além do sequestro de mais de 200 pessoas.
Ele também pediu um cessar-fogo, sem estipular qualquer contrapartida do Hamas. Autoridades internacionais negociam a libertação dos reféns pelos terroristas para que Israel suspenda os bombardeios.
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“Um cessar-fogo humanitário é essencial. Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches devem ser respeitadas. A saída dos feridos deve ser garantida”, declarou Amorim.
O assessor de Lula omitiu, no entanto, o fato de que o Hamas usa esses locais, inclusive hospitais, segundo Israel, como escudos para proteger os terroristas que atacam Israel.
Desde que o Hamas fez o ataque sem precedentes a Israel e deu início ao conflito, Amorim já tinha se destacado por falas críticas a Israel e pela recusa em chamar o Hamas de terrorista. No prefácio de um livro, ele chegou a defender o “papel central” do Hamas para defender os “direitos dos palestinos”.
Leia a íntegra do pronunciamento de Celso Amorim no qual fala em genocídio de Israel
Gostaria de agradecer ao Presidente Macron por convocar esta reunião.
Enquanto faço este discurso, continuamos aguardando ansiosos a saída dos brasileiros de Gaza.
A ação internacional em favor da população civil de Gaza é urgente.
O Brasil está contribuindo nas áreas de segurança alimentar e saneamento de água em Gaza.
Tendo fornecido à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) um total de US$ 20 milhões entre 2006 e 2016, estamos determinados a retomar nosso compromisso com a agência.
Uma contribuição financeira simbólica à UNRWA está sendo feita imediatamente. Uma contribuição mais substancial está sendo preparada e será anunciada em breve.
Um cessar-fogo humanitário é essencial.
Passagens seguras e desimpedidas para a entrada de ajuda humanitária em benefício de hospitais, escolas e creches devem ser respeitadas.
A saída dos feridos deve ser garantida.
É profundamente perturbador que quase cem membros da equipe da ONU tenham perdido a vida em Gaza.
Reitero a condenação do Brasil aos ataques terroristas contra o povo israelense e a tomada de reféns.
No entanto, tais atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada contra civis.
A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente.
Isso não é apenas uma guerra entre o Hamas e Israel. Isso faz parte de um conflito maior, de 75 anos, cuja raiz é a ausência de um lar seguro para o povo palestino.
O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível.
Esta crise é provavelmente um dos desafios mais perigosos para a paz e segurança internacionais, com o maior potencial de se espalhar para um conflito global.
O Brasil considera que uma conferência diplomática onde uma solução política possa ser promovida, com a participação de um grande número de Estados, nos moldes da Conferência de Anápolis, é indispensável.
O fiasco diplomático de Lula, artigo de Silvio Navarro publicado na Edição 187 da Revista Oeste.