Quando Marcelo Nunes e Flavia Carneiro, ex-executivos da Americanas, resolveram colaborar em delações premiadas no escândalo da varejista que veio à tona no ano passado, a empresa ofereceu um Programa de Incentivo à Colaboração (PIC), similar aos acordos populares na Lava Jato.
A defesa de ex-diretores investigados deve começar a questionar a iniciativa da Americanas. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, eles vão solicitar a divulgação dos detalhes do acordo.
Celso Vilardi, advogado da Americanas, disse à Folha que a empresa implementou o PIC depois do contato do advogado de Nunes e Carneiro.
Colaboradores da Americanas deveriam esclarecer toda a verdade
Segundo Vilardi, a premissa era que os colaboradores deveriam buscar o Ministério Público Federal (MPF) e a Comissão de Valores Mobiliários e esclarecer toda a verdade, independentemente dos envolvidos.
Em nota, Vilardi afirmou que a decisão se baseou em casos aprovados anteriormente por outras grandes empresas. Segundo ele, a medida também era necessária para reconstituir o balanço da companhia, sem o qual a sobrevivência da rede estaria em risco.
“O fato não foi divulgado, porque, nos termos da lei, qualquer colaboração deve permanecer sigilosa até determinação em contrário do MPF e o nome dos possíveis colaboradores não poderia ser revelado”, explicou Vilardi, em nota.
Ação da Polícia Federal
Ele ainda acrescentou que as delações só foram conhecidas por ocasião da operação efetuada pela Polícia Federal. “Os colaboradores entregaram à companhia planilhas com os números relativos ao risco sacado e a verba de propaganda cooperada falsa, o que foi fundamental para refazer as demonstrações financeiras.”