A Polícia Federal (PF) tentou prender nesta terça-feira (9), durante a operação “Voz do Poder”, o prefeito de Borba, no Amazonas, Simão Peixoto (MDB). O município no interior do estado fica a 151 km de distância de Manaus.
Segundo a PF, o prefeito é suspeito de manipular testemunhas em uma investigação que apura desvios de recursos públicos destinados à compra de merenda escolar em 2020, durante a pandemia da Covid-19.
O mandado judicial também determina o afastamento do prefeito de suas funções públicas por um período de seis meses. Houve mandados cumpridos em Borba e Manaus.
Durante as buscas, o prefeito não foi encontrado. Segundo integrantes da PF à CNN, o chefe do Executivo municipal disse que se entregaria ao final do dia na delegacia. O mandado de prisão dele está em aberto.
As investigações revelaram indícios de que os kits de merenda escolar fornecidos não continham ou possuíam uma quantidade muito reduzida de carne de boi, diferente do volume contratado.
Além disso, a PF diz também que constatou-se a ausência de charque nos kits, indícios de falsificação nos recibos de entrega e possíveis pagamentos sem comprovação documental.
Para embasar o pedido de prisão da PF, os investigadores levantaram uma reunião por videoconferência do prefeito com servidores municipais intimados pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos relacionados à investigação da merenda.
Neste encontro, segundo a PF, Peixoto teria oferecido assistência jurídica e até frete de avião, custeados pela Prefeitura, para os servidores, o que poderia representar, segundo os investigadores, uma tentativa de influenciar indevidamente as testemunhas.
“Embora possa ser interpretada como um gesto de auxílio, esta ação cria um ambiente propício para que os servidores se sintam pressionados a adaptar seus depoimentos aos interesses do investigado, comprometendo potencialmente a integridade e a credibilidade das investigações em curso”, diz a PF em nota.
Em maio do ano passado, o prefeito já havia sido alvo de investigação e prisão. Ele foi o principal alvo do Ministério Público do estado em uma operação que apura prática dos crimes de associação criminosa, fraudes em licitação, lavagem de dinheiro e corrupção.
Simão e outros agentes públicos investigados foram afastados dos cargos por 90 dias.
O esquema, segundo o Ministério Público, envolvia a simulação de licitações para beneficiar empresas ligadas ao prefeito. Ele se apresentou após ter o mandado de prisão expedido. Em julho, ele foi solto para responder em liberdade.
A CNN procurou dois advogados do prefeito e não conseguiu retorno. O espaço segue aberto.
Compartilhe: